Prezado Tomás, gostaria antes de postar um texto atual sobre a questão da Casa e do acervo do fotógrafo Wolney Teixeira reproduzir aqui na totalidade a entrevista que enviei por e-mail para a repórter da Revista de História da Biblioteca Nacional. Podemos ver que o que foi escolhido como fala oficial da Coordenadoria/Secretaria de Cultura não representa a nossa orientação maior. Aproveito para levantar a questão de como em História e no Jornalismo as escolhas, as tradições e as verdades são construídas e muitas vezes fora do alicerce do que o emissor pretendeu marcar como posição. Essa entrevista foi feita em meados de fevereiro e está na Revista edição de março 2009.
QUESTÕES:
• O que a prefeitura de Cabo Frio tem feito – e pretende fazer – para preservar e valorizar a memória da cidade?
R – A questão da valorização de nossa história e consequentemente da memória da cidade tem sido um ponto importante nesse novo momento que estamos começando. Criamos na Secretaria de Turismo e Cultura um Departamento que cuidará da parte de Patrimônio e Museus e um dos esteios de nossa ação é retomar o IMUPAC (Instituto Municipal de Patrimônio Artístico e Cultural), estreitando os laços com o INEPAC e o IPHAN para que em conjunto possamos cuidar do patrimônio material e imaterial que é extremamente rico em nossa região.
• Como as fotografias de Wolney Teixeira de Souza poderiam ser incluídas num projeto de preservação/valorização da história de Cabo Frio?
R - Pretendemos criar um Centro de Memória onde atualmente é o prédio da Biblioteca Municipal (um solar do século XIX) e reunir nesse espaço toda a documentação já digitalizada pela Câmara Municipal, livros, mapas, acervo de historiadores e pesquisadores, montando um banco de dados reunindo tudo ou quase tudo que já foi produzido sobre Cabo Frio. A parte da iconografia é bastante importante neste contexto, sobretudo, por conta de sua visualidade e conseqüente materialidade em relação às transformações que a cidade sofreu e o acervo do Wolney Teixeira com cerca de 5.000 fotos é um manancial riquíssimo para os pesquisadores que buscam sedimentar seus trabalhos.
• Existe algum interesse ou projeto da prefeitura para criação – ou apoio à criação – de um museu/acervo sobre o fotógrafo?
R – Pela importância do acervo acreditamos que ele mereça um espaço destacado. Precisamos, no entanto, estreitar os laços com os familiares do fotógrafo/artista para criarmos um projeto que dê essa visibilidade a esse importante conjunto de documentos. O ideal seria buscar um espaço onde o acervo se tornasse a grande atração. Esperamos conseguir realizar esse Projeto.
• E outras casas de memórias? Há algum projeto em andamento, uma vez que Cabo Frio praticamente não dispõe de instituições deste tipo?
R - Acredito que todo trabalho gera frutos. Se a questão da preservação do nosso patrimônio ganhar os cidadãos e houver um engajamento da nossa comunidade nessa ação creio que esses espaços se multiplicarão. Entretanto, essa tarefa deve ser orientada pelo Poder Público, mas estando aberto e sendo convidativo a iniciativa privada para que ela também se envolva e se torne parceira nesse intuito. Um dos projetos pensados na Coordenadoria é o do Selo Cabo Frio Cultura Viva que pretende a partir de uma contrapartida do município (isenção de tributos municipais) poder associar novos espaços num processo de apoio institucional, gestão total ou parcial para ampliar a rede de centros culturais na nossa cidade.
• Quais são as principais atividades/projetos previstos pela Coordenadoria de Cultura para os próximos anos?
R – Além do projeto acima citado, estamos preparando um conjunto de ações com essa marca Cabo Frio Cultura Viva que prevê a abertura de um Edital para patrocínio nas áreas de Teatro, Dança, Literatura, Música, Manifestações Folclóricas, Curta-metragem, Gastronomia, Artes Plásticas e Diversidade Cultural. Essa ação visa apoiar as diversas linguagens e abrir um diálogo com cada categoria, além de mapear a produção cultural na cidade. Uma das contrapartidas exigidas no Edital será a participação dos contemplados no Projeto de criação de novos centros culturais nas Escolas Municipais chamadas de Escolas Padrão, espalhadas pelos bairros periféricos da cidade. Nosso objetivo é criar ações que fortaleçam nossos espaços culturais no centro urbano, mas também ampliar essa rede de circulação de cultura, levando oficinas e espetáculos de diversas linguagens artísticas as comunidades que não tem acesso aos bens culturais. O objetivo é formar, informar e fazer a cultura circular por todos os bairros da cidade, seja nas Praças, nas Escolas, nas Associações de Moradores ou em espaços particulares e vivenciar de fato o lema do governo, procurando garantir “a cultura para o cidadão”.
Secretaria de Turismo e Cultura de Cabo Frio
Guilherme Guaral - Coordenador Municipal de Cultura
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