quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Impressões digitais

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O curso de jornalismo não perdeu sentido algum com a quebra da exigência do diploma para o exercício da profissão. Isso é uma questão de liberdade de impresa e expressão, e não quer dizer que o mercado, corporativo e concorrente, passará a adotar profissionais despreparados.

Qualquer cidadão pode manifestar e imprimir o que pensa. E se responsabilizar por isso. Mesmo que não tenha passado quatro anos (ou três anos e meio, só em Cabo Frio) especializando-se no assunto. Pelo menos é o que diz a lei máxima em vigor no país. O que não tem nada a ver com a profissão deixar de existir.

Formar-se em jornalismo é uma necessidade de quem, além das técnicas necessárias em desenvolvê-lo (essas podem ser adquiridas em cursos específicos para as áreas de escrita, fotografia, edição de texto e imagem, apresentação, locução, e inúmeras outras, todas necessárias de um conhecimento específico - ou técnico), pretende ter conhecimento amplo do processo de comunicação social. Mesmo porque, ao contrário das fábricas de diploma que se tornaram os cursos de graduação ensinam (ou deixam de ensinar), a Comunicação Social (esta com letra maiúcusla) tem uma função obviamente social. Óbvia porque já está no próprio nome.

Praticamente todos os seres vivos trocam informações entre si, mas além de aperfeiçoar e sofisticar essa técnica, o ser humano fez dela uma janela para a criação de sua própria cultura e vida em sociedade. A palavra é a maior invenção humana.

As fábricas de diploma (é claro que não são todos os cursos, talvez a minoria) não motivam o jornalista a debater e compreender a existência da própria profissão.
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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Grupo cearense é destaque no Festival de Esquetes

Foto: Clarisse Monteiro
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Ravi Arrabal
O esquete “Que é isso Maria” foi a grande vencedora do 7º Festival de Esquetes de Cabo Frio, levando nada mais, nada menos, que cinco prêmios na cerimônia de encerramento, realizada na noite de sábado. O esquete do Grupo IFCE recebeu os prêmios de Figurino, Concepção Cenográfica, Ator, Direção e Esquete.
O festival foi um grande sucesso em todos os aspectos. O Teatro Municipal de Cabo Frio esteve lotado durante todos os quatro dias do evento e contou com a participação de grupos de teatro de todo o Brasil. Além das apresentações no Teatro Municipal, o festival esteve presente em alguns bairros da cidade, com o projeto “Festival nos Bairros”, que contou com pintura facil, bola mania, oficina de desenho e capoeira além da apresentação do Grupo Creche na Coxia, com o espetáculo Circo Catatempo.
Outro grande sucesso no festival foi a realização da Arena!, um espaço livre de interferêcia artística que era realizado diariamente na entrada do teatro, durante a formação da fila. Lá foram realizados diversas atividades, como a projeção de fotos da “Mais Ratona Fotográfica”, e curtas do projeto “Cinema Possível”, de Jiddu Saldanha, do grupo de cinema local “Taberna Filmes” e do projeto “Cerbero” do Rio de Janeiro, contando também com performances feitas por integrantes dos grupos participantes do festival . Além disso, no sábado - Dia Nacional do Folclore - o Núcleo de Cultura Popular da Associação Cultural Tributo à Arte e à Liberdade (Tribal) realizou rodas de ciranda e de jongo, animando o público e participantes do festival. A cerimônia de premiação, comandada pela apresentadora Monayra Manon, apresentou os seguintes resultados:
Melhor Figurino: Dami Cruz (“Que é Isso Maria” - Grupo IFCE - Fortaleza/CE)
Melhor Cenário: Danilo Pinho (“Que é Isso Maria” - Grupo IFCE - Fortaleza/CE)
Melhor Texto: Jonas Arrabal (“A Cantora Antropomórfica” - Grupos Mise Em Abyme e As Três Marias -Rio de Janeiro e Cabo Frio/RJ)
Melhor Ator: Jailson Feittosa e Fellipe Revuelta (“Que é Isso Maria” - Grupo IFCE - Fortaleza/CE)
Melhor Atriz: Mariana Jacques (“Flicts” - Grupo Kyo - Belo Horizonte/MG)
Melhor Direção: Danilo Pinho (“Que é Isso Maria” - Grupo IFCE - Fortaleza/CE)
Três Melhores Esquetes: “Que é Isso Maria” - Grupo IFCE - Fortaleza/CE, “Minha Alma É Nada Depois Dessa História -Os Ciclomáticos Cia de Teatro - Rio de Janeiro/RJ” e “Repulsa - Grupo Os Despretensiosos - Niterói/RJ”.
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sábado, 22 de agosto de 2009

Esquetes finalistas

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Aí vai a lista das oito grande finalistas ao 7º Festival de Esquetes de Cabo Frio. A finalíssima será na noite deste sábado, no Teatro Municipal, a partir das 19h, e a premiação vem logo em seguida. Antes dos espetáculos, a Mais Ratona Fotográfica exibe exposição de fotos no hall de entrada do Teatro (se chover, como ontem, a exposição vai para o foyer). Ao final das esquetes, Ivo Vargas leva um som no foyer do Teatro. A lista, a seguir, está fora da ordem de apresentações:

“A Cantora Antropomórfica”
Grupo Mise Em Abyme e As três Marias

“O Homem da Sepultura”
Grupo Creche na Coxia

“Minha alma é nada depois dessa história”
Os Ciclomáticos Cia de Teatro

“Flicts”
Grupo Kyo

“Que é isso Maria”
Grupo IFCE

“Veja o que esse blues quer dizer”
Gene Insanno Cia de Teatro

“Maçã do Amor”
Grupo Inclassificáveis

“Repulsa”
Grupo os Despretensiosos
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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Às avessas

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Interessante a polêmica que envolve o apresentador do programa CQC, da Band, Rafael Cortez, e o jornalista Jorge Antônio Barros, do blog Repórter de Crime do jornal O Globo. Jorge Antônio encontrou Rafael e outros integrantes da equipe técnica do CQC no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, sacou sua handcam (câmera manual) e começou a filmá-los. Fez perguntas incovenientes a Cortez, que, por sua vez, foi seco e, em alguns momentos, ríspido. Deu respostas irônicas e o esnobou.
Jorge Antônio voltou filmá-los (ou pentelhá-los, podemos dizer, ao melhor estilo CQC) dentro do avião e no desembarque, no Santos Dumont, no Rio (o repórter/cinegrafista estava chato mesmo). Nesse momento, um dos produtores reclamou "direito de imagem" e mostrou-se irritado. Um diálogo tenso se seguiu, Rafael disse frases polêmicas e só foi deixado de lado ao entrar no saguão do aeroporto, por ordem da segurança do Santos Dumont, que pediu pelo fim da gravação. (Relato e vídeo completo no site http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/reporterdecrime/).
O vídeo, como era de se esperar, foi postado na internet. Mas, não se sabe bem porque, censurado e retirado do Google Vídeos. Mas novamente postado no Yahoo Vídeos e ainda disponível até o momento.
Tanto o tratamento dispensado ao repórter (ainda que chato, ele não violou nada ao fazer o que fez) quanto o ato de pedir a retirada do vídeo do ar já seriam questionáveis se tivessem partido de algum dos alvos que o próprio CQC costuma escolher. Mas, pior, partiram de alguém cuja a imagem demonstra exatamente o oposto. Um cara que faz o papel de chato-incoveniente que coloca os outros na saia justa, como o Rafael Cortez, não poderia se portar de maneira tão infantil quando deparado com a mesma situação. Seus produtores, idem. Todos utilizam do mesmo método para galgar o sucesso arrebatador que estão conquistando.
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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Urgente - Prefeitura tem conta zerada

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O fantasma dos precatórios assombra novamente a prefeitura de Cabo Frio. Desta vez, uma decisão judicial determinou o sequestro de R$ 5,3 milhões do tesouro municipal, beneficiando os antigos proprietários de um terreno no Braga que a prefeitura tomou posse ainda na década de 70. A surpresa foi o saldo encontrado na conta que a Justiça vasculhou: R$ 830 mil (3% da arrecadação mensal). O dinheiro disponível foi imediatamente retirado e transferido para uma outra conta aberta pela Justiça no Banco do Brasil. Ou seja, além de ter a conta zerada neste momento, a prefeitura ainda precisa transferir mais R$ 4,5 milhões para quitar o processo.
O secretário de Fazenda, Clésio Guimarães, garante que o processo não irá prejudicar o pagamento de salários, como já temem alguns servidores. A prefeitura vai recorrer da decisão.
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Férias forçadas

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Não que tenha sido ruim. Ao contrário, 15 dias de repouso e descanso vieram a calhar em tempos de tanta loucura. Sim, porque dividir o expediente entre dois veículos de comunicação já estava me deixando meio desnorteado. Conheço gente que não consegue tirar férias, acha impossível largar os afazeres profissionais. Considero um erro dos grandes e, vira e mexe, preciso de um descanso para não surtar. Serra, cachoeira, ou mesmo o agito da metrópole para sair da rotina. Dessa vez, no entanto, o ritmo foi outro.
Com uma pequena fratura na mão esquerda (sou canhoto), fiquei com o braço engessado pouco mais de uma semana e enfaixado até dois dias atrás. Um pequeno contratempo que, apesar de não trazer grandes mudanças, impossibilitou-me apenas de teclar o dia inteiro, como de hábito. Também não viajei nem procurei aventuras de qualquer sorte. Dividi meu tempo entre leituras em casa e bate-papo no Café do Joaquim, o que se tornou mais frequente nos últimos dias. Quinze dias de boréstia, como se diz por aí.
Em tempo: a comissão organizadora do trofeu Teia de Aranha já recebeu um atestado médico, via Sedex, que comprova meus dias de ausência forçada nas atualizações desse blog.
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sábado, 4 de julho de 2009

Frases

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"A imaginação já não existe mais, agora tudo está no Google" - Chico Buarque de Holanda, na Flip.

"Proponho agora um caderno C. À frente: Carlão, Milton e Froilan. Leve a proposta a Cabral", Rafael Peçanha, blogueiro e professor de história, pensando no que vem depois da Folha B e provando que imaginação existe sim.
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sexta-feira, 3 de julho de 2009

Folha B
O suplemento Folha B chega às bancas na manhã deste sábado. Vale conferir e participar com sugestões, críticas e comentários.

UEE
Nesta mesma manhã começa o congresso da União Estadual dos Estudantes (UEE-RJ), que vai até domingo em Volta Redonda. Mas este blogueiro teve que dizer a Roberta Barcellos, do Movimento Mudança, que o fim de semana vai ter que ser por aqui. Fica para o congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), no final do mês em Brasília.

Bons tempos
Alexandre de Alair e Froilam Moraes relembram os bons tempos.

Sem proteção
A ausência de mureta central provocou mais um grave acidente na Via Lagos, na manhã desta quinta-feia. Um carro atravessou a pista, bateu em outro e ambos foram de encontro a um ônibus da viação Rio Ita. De acordo com o também blogueiro Carlinhos Gonçalves, um empresário de Cabo Frio reconheceu o carro em chamas do filho, de 20 anos, na reportagem do RJ InterTV.
A concessionária não pode fechar os olhos para tantos acidentes. Uma lástima!
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quinta-feira, 25 de junho de 2009

Impressões digitais

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Aos poucos a imprensa corrige um erro que foi levada a cometer: chamar mais da metade dos secretários da prefeitura de Cabo Frio de coordenadores. A tal reforma da máquina administrativa, como se sabe, nunca aconteceu. O prefeito Marquinho Mendes disse em entrevista coletiva (outubro do ano passado) que as 31 secretarias seriam reduzidas a 13, conforme indicação de um estudo da FGV. Ao contrário, não só deixou as secretarias intactas, como criou a coordenadoria de Juventude e a Cabo Frio Tur. E ambas as pastas ainda não funcionam, depois de seis meses com os funcionários nomeados. A estrutura, em vez de ser enxugada, só aumentou.
Em entrevista publicada nesta quinta-feira na Folha dos Lagos, Marquinho disse que os contratos temporários não serão renovados por determinação do Ministério Público, e afirmou: "os comissionados são imprescindíveis para o funcionamento da máquina".
Funcionários reais e fantasmas estão com suas portarias garantidas, mas uma pergunta fica no ar: se a folha de pagamento é o maior problema da prefeitura, se a porcentagem de gasto com pessoal é cada vez maior e ameaça ultrapassar o teto de 53% do total arrecadado, e se o governo continuará com quase dez mil funcionários diretos (sem contar autarquias, terceirizados e afins), como a prefeitura sairá desta crise?

Outro assunto abordado na entrevista do prefeito foi a casa do fotógrafo Wolney Teixeira. Marquinho disse que nem pensa na possibilidade de restaurá-la e transformá-la em museu: "não temos dinheiro nem para a folha (de pagamento)", alegou.
Perguntei, então, porque ele havia entrado na casa e prometido sua trasformação em museu, em setembro do ano passado, durante a campanha eleitoral. Eis a resposta: "prometi porque na época tinha dinheiro, mas agora não tem mais".

Falta vontade política para resolver e o patrimônio está se dissolvendo. A prefeitura não tem que fazer tudo sozinha. Desapropriar a casa, restaurá-la, comprar o acervo e colocar lá dentro é caro, mas o prefeito tem condições de convocar a iniciativa privada para tal empreitada. Entidades como as fundações dos grandes bancos, por exemplo, abraçam projetos semelhantes em todo o Brasil, pois é interessante do ponto de vista publicitário e muitas dessas ações ainda são amparadas por incentivos fiscais. Mas é preciso esforço e comprometimento com a causa. A Acia e o Iphan podem ser grandes parceiros nesse processo.

O engenheiro Luciano Silveira é rápido no gatilho. Avisou rapidamente a possibilidade de um caso de gripe suína ter atingido o distrito de Tamoios. A suspeita era de uma professora que havia viajado para o sul do país e, ao retornar, fez conexão em um avião que partiu de Caracas, na Venezuela. Ela sentia os sintomas da gripe comum, e, como já se passaram mais de 10 dias desde que ela retornou da viagem (12, mais precisamente) e os sintomas não se agravaram, a possibilidade foi descartada pela secretaria municipal de Saúde.

Em Búzios, suspeitas de gripe suína recaem sobre uma criança. O diagnóstico sai amanhã ou sábado, de acordo com a secretaria de Saúde.

Só deu Cabo Frio na edição desta quinta do programa Balanço Geral, apresentado ao meio-dia na Rede Record. Os jornalistas Juliano Medeiros e Ivan Lemos, da praça cabo-friense, emplacaram três matérias. O apresentador também mandou um abraço para o coronel Carlos Henrique Alves de Lima, comandante do 25º BPM.

O artista plástico Ivan Cruz comemora o aniversário nesta quinta, com festa junina em casa, no Portinho. Recebe os parabéns do blog!

A edição de junho da Revista CIDADE está nas bancas, com matérias sobre a semana de museus, o grupo de teatro Creche na Coxia, a crise econômica de Cabo Frio e a derrubada de casas irregulares em Massambaba, entre outras. A capa está publicada no post abaixo.

A jornalista Aline Zapp (Auto Viação Salineira) está empolgada com as atividades da Associação Brasileira de Estudos e Necessidades Especiais (Abene) em Cabo Frio. Está tentando arrumar tempo para se aproximar da entidade.

Repercutiu a pergunta de Juninho Cajú ao ex-secretário de Cultura de Cabo Frio, Milton Alencar, no último debate do projeto Cidade Viva. O ex-secretário (12 anos no cargo) fazia discurso a favor do Fórum de Cultura, quando Cajú soltou:
"Milton, você se diz favorável ao Fórum, mas porque nesses anos todos como secretário teve medo de fazer?"

Aliás, o que se diz nos bastidores é que a relação entre Milton e o atual secretário de Cultura, Guilherme Guaral, é cada vez mais distante.
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Revista CIDADE está nas bancas

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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Teatro

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Esta é a filipeta promocional da peça teatral Meu Tom Solitário, que será apresentada no próximo fim de semana no Teatro Municipal de Cabo Frio. Em cena, Carol Barros e Diogo Cavalcanti, em um espetáculo que já recebeu oito prêmios no Estado do Rio desde que foi lançado no ano passado, durante o Festival de Esquetes. Clique na imagem, imprima esta filipeta e compre o ingresso por R$ 10 na bilheteria do Municipal.
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Noise

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São Pedro da Aldeia vai tremer no próximo fim de semana, durante a quinta edição do Noise Fest, que desta vez será realizado Casa da Colina. Sexta e sábado (26 e 27), a partir das 18h, os roqueiros vão se encontrar no maior festival underground da Região dos Lagos. O ingresso custa R$ 10 para os dois dias.

Impressões digitais

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Cidade Viva 1
As primeiras notícias que chegam do debate sobre cultura realizado hoje pela manhã, no projeto Cidade Viva, da Folha dos Lagos, são bem positivas. De tudo o que foi discutido, o avanço mais "paupável" foi a formação de uma comissão responsável pela organização do tão sonhado Fórum de Cultura. A representatividade da secretaria de Cultura dentro do governo municipal, bem como a política cultural da administração Marquinho Mendes também estiveram na baila.
Mas de todas as declarações e questionamentos feitos no debate, o mais interessante, sem dúvidas, foi a pergunta de Juninho Cajú ao ex-secretário e atual superintendente de Cultura, Milton Alencar Júnior:
"Milton, você disse que acha importante o fórum, mas porque nesses anos todos teve medo de fazer?"
Ninguem sabe se foi por medo, mas Milton foi secretário de Cultura por 12 anos (três governos) e, de fato, nunca realizou o fórum.
Nem por isso a pergunta foi respondida: o mediador do debate, Paulo Cotias, cortou a fala alegando que a discussão havia partido para o lado pessoal.
E o Fórum de Cultura, por acaso, é uma reivindicação pessoal?

Cidade Viva 2
Fiquei lisonjeado com o convite para participar do fórum Cidade Viva na mesa de debates. Não pude ir, no entanto, porque peguei uma pauta inesperada na manhã de hoje. Estou de volta à Folha dos Lagos para editar o caderno Folha B, que será publicado aos sábados a partir do mês que vem. Cheguei à redação logo cedo e fui surpreendido por um café-da-manhã com uma oração do pastor José Romário. Quando a cerimônia chegava ao fim, apareceram de surpresa o prefeito Marquinho Mendes e o empresário Hugo Cecílio de Carvalho. Como os repórteres do jornal haviam saído para cumprir suas pautas, Moacir Cabral, o diretor da Folha, me chamou para entrevistar o prefeito.
"Você está de volta?", cumprimentou Marquinho.
"Estou, mas para fazer a Folha B, o caderno de cultura. Nada de política", respondi.
"Criei uma diretoria de banalidades pra ele", brincou Cabral.
Pois bem, isso aconteceu no exato instante em que a mesa de debates estava sendo iniciada no Tamoyo Esporte Clube. Entrevistei Marquinho por aproximadamente meia hora e, depois, sentei para digitar as perguntas e respostas. A entrevista, em formato pingue-pongue, será publicada na edição de amanhã (quinta-feira) da Folha dos Lagos.

Cidade Viva 3
Na semana passada, ao ler a lista de convidados para o projeto Cidade Viva, questionei a falta de algumas figuras importantes e a representatividade da mesa de debates. Tenho a ligeira impressão de que o que escrevi foi encarado como um pedido para participar da discussão. Se foi assim, deixo bem claro que não era essa a minha intenção. Fiquei lisonjeado com o convite, repito, e não participei por um imprevisto. Mas se tivesse que pedir para participar eu não questionaria a lista. Ligaria para o organizador e pediria: "Posso participar?"
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terça-feira, 23 de junho de 2009

Meu Tom Solitário

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Um super sucesso do teatro cabo-friense está de volta: Meu Tom Solitário, espetáculo que já recebeu oito prêmios no Estado do Rio desde que foi lançado, no ano passado, estará em cartaz neste fim de semana no Teatro Municipal de Cabo Frio.
Com texto e direção de Carol Barros, o elenco conta com a própria Carol e com o ator Diogo Cavalcanti. Na primeira apresentação que fizeram, durante o Festival de Esquetes do ano passado, eles emocionaram a platéia e os jurados com uma trama bem bolada, figurino na medida e um cenário super criativo. O texto, agora adaptado para uma peça mais longa, continua imperdível!
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domingo, 21 de junho de 2009

Banksy

Rato anarquista



Banksy é um artista de rua inglês cujo trabalho é carregado de conteúdo social e facilmente encontrado nas ruas de Londres. Em telas e murais, seus desenhos fazem críticas sociais, políticas e comportamentais, muitas vezes de forma agressiva e sarcástica.
É dele o "rato fotógrafo" (ao lado) que estampou o panfleto da Mais Ratona Fotográfica, versão de bolso da Maratona Fotógráfica realizada em dezembro do ano passado.




























sábado, 20 de junho de 2009

Caraíva

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Caraíva, da banda de reggae Natiruts, é a música que Baggio Digital aos leitores para este fim de semana.

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Draco prende miliciano em Cabo Frio

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Policiais da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) prenderam nesse sábado Erivaldo Juvino da Silva, o Nem, acusado de fazer parte da milícia do ex-PM Fabrício Fernandes Mirra, que controla a Favela da Palmeirinha. Erivaldo, que estava com um mandado de prisão preventiva já decretado, foi preso em Cabo Frio e está sendo transferido para a sede da Draco, no Centro. Segundo o setor de inteligência da delegacia, o miliciano é um dos acusados de ter participado da morte do presidente da Associação de Moradores da Gardênia Azul, Marco Aurélio França Moreira, o Marcão. Erivaldo também teria participado do assassinato de Fábio Gomes Coutinho, o FB, junto com uma namorada, no dia 3 de fevereiro, dentro de um carro, na Taquara, em Jacarepaguá.
Fonte: http://extra.globo.com/geral/casodepolicia/posts/2009/06/20/draco-prende-miliciano-em-cabo-frio-197474.asp
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quinta-feira, 18 de junho de 2009

Impressões digitais

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Um dos assuntos mais comentados do dia foi a votação do Superior Tribunal Federal (STF), na quarta à noite, que extinguiu a exigência de diploma de jornalista para o exercício da profissão. O Supremo não criou nada, apenas interpretou a Constituição Federal, que assegura a qualquer cidadão o exercício livre de expressão e imprensa.
O assunto desperta discussões apaixonadas, principalmente por quem passou quatro anos nas cadeiras da faculdade. Alguns dizem que o diploma perdeu a validade, mas não vejo dessa forma. O STF garantiu apenas que qualquer cidadão, através de seu CPF, tenha o direito de publicar e se responsabilizar pela disseminação de suas ideias. Assim diz a Constituição. Todos são livres para dizer e publicar aquilo que pensam. É a linha de raciocínio que fez a mesma Corte derrubar a antiga Lei de Imprensa, que servia na verdade para amordaçar jornalistas. A comunicação é livre e pode ser feita por qualquer cidadão. Assim como eventuais deslizes devem ser julgados conforme as leis que regem os códigos Civil e Criminal. Ou seja, é ilegal regulamentar aquilo que, pela lei máxima em vigor no país, é um bem comum.
Isso não quer dizer, em minha visão, que o exercício do jornalismo profissional passará a ser feito por pessoas sem qualificação. Cabe às empresas, como em todos os outros ramos, escolher os profissionais que tem capacidade para serem contratados. E acredito piamente que a maioria continuará buscando os mais qualificados, sob pena de serem esmagados pela concorrência. É assim em todos os ramos, porque não seria com o jornalismo profissional?
Enfim, uma coisa é ter o direito de dizer e publicar o que pensa, sem precisar passar por uma faculdade específica para isso. Outra, bem diferente, é viver de um ramo específico do jornalismo. Para isso, continuará sendo preciso ter conhecimento técnico.

- Juninho Caju levou Fernando da Tribal para uma visita à redação da Revista CIDADE, na tarde desta quinta-feira. Convidaram este blogueiro para uma tal de Associação dos Conflitados Amorosos com Mulheres Possessivas (ACAMP). É claro que eu não aceitei. Estaria lascado!

- Fernando aproveitou para divulgar o próximo Ciclo de Leitura da Tribal, no dia 20 de julho. Na ocasião, será discutida a obra do poeta Chacal.

- Paulo Cotias ligou hoje para a memorialista Meri Damaceno. Convidou-a para participar do projeto Cidade Viva. O escritor Célio Guimarães já é presença confirmada.

- Está em fase de pré-produção o caderno Folha B, suplemento do jornal Folha dos Lagos que será publicado a partir de julho.

- Andrezito, produtor da agência Flash, anunciou aos amigos que vai aprontar malas rumo a Fortaleza. Vai morar e trabalhar na capital do Ceará por tempo indeterminado. Não sem antes dar uma super festa de despedida. Ou umas...

- Está marcado para o dia 4 de julho o Encontro Municipal do Partivo Verde (PV) de Cabo Frio. Na ocasião, tomará posse a nova executiva provisória, que terá como presidente o engenheiro Juarez Lopes.

- Muito interessante o que acontece nesse momento no Irã. A juventude está nas ruas porque a fraude eleitoral foi absurda demais. Mas o que mais chama atenção é a forma como estão utilizando a tecnologia em um país onde a liberdade de expressão é constantemente cerceada. O movimento já entrou para a história, pois de cara provocou a recontagem dos votos em algumas regiões. Vamos ver no que vai dar: ou contorna-se o movimento por vias legais, fazendo a população acreditar na validade do processo eleitoral, ou o país entrará em um processo revolucionário. E aí ninguém pode prever as consequências.
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Cada fórum, uma função

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E cada blog é um blog, mas este blogueiro gostou tanto da resposta do "Nunca Li" que a reproduz na íntegra. Continuo com a opinião de que algumas pessoas importantes foram esquecidas na lista premiliminar. Mas a explicação do professor Paulo Cotias faz todo o sentido. Segue abaixo:

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"CADA FÓRUM, UMA FUNÇÃO
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Paulo Cotias

O jornalista Tomás Baggio, questionou a ausência de nomes e entidades na edição sobre Cultura do Projeto Cidade Viva. Ao companheiro blogueiro,o Nunca Li responde com uma afirmação e várias outras perguntas... Primeiramente a lista divulgada no blog é preliminar e será atualizada com outros nomes. Segundo, cabem às entidades mostrar seu interesse em participar do projeto, que a partir daí a coordenação analisa se é interessante à discussão que ela esteja presente. Vale lembrar que ninguém tem assento natural no projeto. E temos um e-mail especialmente dedicado ao recebimento de propostas e projetos, e a coordenação é acessível a particulares e entidades. Mas quem não faz contato...
Do mais, também cabe perguntar porque não convidamos a Igreja Católica, representantes de todas as denominações evangélicas, de todas os centros e denominações espíritas (afinal religião é cultura); porque não convidar todos os movimentos culturais, sociais, associativos, artísticos da cidade (afinal eles também são cultura); porque não convidar a todos os artistas locais para ter assento à mesa (afinal eles fazem arte e teriam o que dizer); por que não convidar todos os músicos da cidade (quer coisa mais cultural do que música ?); porque não convidar a todos os jornalistas, blogueiros, escritores, hippies, cozinheros, enólogos... (são todos cultura, ora.)
A resposta é simples, chama-se metodologia. Se da discussão do Cidade Viva brotar a idéia de um Fórum Permanente de Cultura, contemplando todas cores, formas e sabores já teríamos dado a oportunidade para toda essa e muitas outras formas de cultura se manifestar livremente. Ponto pro Projeto. Agora, transformar uma mesa com proposta técnica, que busca projetos, iniciativas em palanque de promoção pessoal, política ou institucional, ou ainda para dar voz a quem tem o que reclamar mas não tem o que sugerir no lugar não nos parece interessante, e existem na cidade outros espaços como rádios e jornais para que isso aconteça. Esperamos no debate pelo nosso amigo Tomás Baggio, não apenas com suas boas perguntas,mas com idéias e projetos que, pelo que conhecemos, certamente ele tem."
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Cultura (e representatividade) no Cidade Viva

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Promete ter discussão intensa a próxima edição do projeto Cidade Viva, do jornal Folha dos Lagos, cujo tema de debate será “Cultura”. O mediador do encontro, professor Paulo Cotias, divulgou em seu blog (http://www.nuncali.blogspot.com/) a lista de entidades e pessoas convidadas. Aí vai:

Entidades convidadas:
Secretaria Estadual de Cultura
Secretaria Municipal de Cultura de Cabo Frio
Tribal (Associação Tributo à Arte e à Liberdade)
Casa dos 500 anos
Morada do Samba
Liga das Escolas de Samba
Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)
Acia (Associação Comercial, Industrial e Turística de Cabo Frio)
Universidade Estácio de Sá
Comissão de Acompanhamento do Cidade Viva da Prefeitura de Cabo Frio
Câmara dos Veradores

Convidados:
Milton Alencar Júnior (Cineasta/Cabo Frio TV/Jornal Completo)
Miguel Fornaciari Alencar (Cabo Frio TV/Festival Curta Cabo Frio)
Luiz Antônio Nogueira da Guia, o Totonho (Professor)
José Sette (Cineasta)
Wilson Miranda, o Juninho Cajú (Ator)
Eliane Guedes (Apresentadora/Artesã)
José Facury Heluy (Teatrólogo/Professor)


Algumas observações cabem na análise desta lista:

1- Primeiro e principal: onde está a memorialista Meri Damaceno? Uma das figuras mais respeitadas da cidade quando o assunto é cultura, detentora de um dos maiores (se não maior) acervos particulares de raridades, escritos, fotos, gravações... defensora das dunas, das casas históricas, e por aí vai... Acho que ela não poderia ficar de fora.

2- Estou sentindo a falta de um produtor cultural (Pablo Alvarez, Jerson Farofa – são os que lembro mais rapidamente, mas existem outros na roda).

3- Também faz falta um representante da classe musical. Cabo Frio tem uma Associação de Músicos que não se faz presente na lista. Outra figura importante é o professor José Francisco de Moura, o Chicão, produtor de shows de rock e que, diga-se de passagem, teria muita coisa a dizer nesse debate.

4- Não consigo entender a ausência de um artista plástico. Yuri Vasconcellos é um nome importante da nova geração, só para citar um único exemplo.

5- Se a Universidade Estácio de Sá foi convidada, porque a Ferlagos e a Veiga de Almeida não foram?
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Reggae

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Hoje (quinta-feira) é dia de "Reggae All Night" no espaço Portinho Bohemio Vip. Shows imperdíveis com Evandro Terra e Ivo Vargas, a partir das 21h, com ingressos a preços bem bacanas: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). A produção fica por conta da Flash, sob as mãos de Renata Grazinolli.
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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Bonecart 2009


Lagoa azul

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- A Lagoa de Araruama exibe seu mais belo tom de azul bebê (que bonitinho!). Mesmo com as chuvas do fim da semana passada, nada mudou. Ao que parece, nenhuma comporta de esgoto foi aberta. Dá até pra acreditar que o negócio está funcionando... até dezembro chegar!

- Mas o pé d’água que durou dias tem explicação: Thadeu Burached, o bom-vivant de Cabo Frio, está namorando sério e firme.

- Ao contrário do Baggio Digital, que sem avisar tira férias de período indeterminado, o blog do engenheiro Luciano Silveira está lá, firme e forte, cada vez mais acessado. O endereço é http://www.englucianosilveira.blogspot.com/.

- Outro blog que já caiu nas graças (literalmente) dos leitores é o do humorista Zel. Está cada vez mais inspirado: http://www.zelhumor.blogspot.com/.

- No meio de um papo político-etílico, Vinícius Canisso solta essa: “está cada vez mais difícil a manteneção da administrabilidade”.
Só não me peça para explicar do que se trata.

- A MaisRatona Fotográfica, edição de bolso da Maratona Fotográfica, tem sua segunda edição confirmada para agosto. Será realizada durante o Festival de Esquetes de Cabo Frio, que esse ano tem o selo de “alternativo”.

- O grupo de cinema “Os Treze” já finalizou sua primeira produção. Chama-se “Fuga” e terá uma cerimônia de pré-estreia, ainda sem data marcada. O filme tem 18 minutos e já está inscrito no Festival Internacional de Cinema de São Paulo e no concurso Tela Digital, promovido pela TV Brasil. Entre os treze estão o jornalista Lucas Muller e o fotógrafo Marcos Homem.

- Felipe Simas está às voltas com a pré-produção da quinta edição do Bonecart, festival de teatro de bonecos. Será entre os dias 26 de outubro e 1º de novembro. Felipe, para quem não sabe, é filho do bonequeiro Chico Simas, que deixou saudades há oito anos atrás.

- Ivan Lemos e Juliano Medeiros fazem uma super dupla no comando do jornalismo da Record na Região dos Lagos.

- Por falar em Record, a matéria sobre a Casa Wolney, no centro de Cabo Frio, ficou para esta quarta-feira. Será exibida no RJ Record segunda edição, às 19h.

- A próxima edição da revista Destino Brasil terá como matéria de capa os monumentos históricos de Cabo Frio. Está começando a ser produzida.

- A jornalista Leandra Costa nunca mais precisará de um homem para consertar um carro. Passará pelo curso de “Mecânica para Mulheres” promovido pela ViaLagos.
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Quero ser presidente


E receber uma "homenagem" dessa aí. Isso mesmo, a figura de baixo é o presidente Lula, e a de cima, Valeska Popozuda, que faz jus ao nome na edição desse mês da Playboy.
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Mulheres organizam Marcha pela Paz

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Entidades de defesa do direito das mulheres estão organizando a Marcha das Mulheres pela Paz em Cabo Frio, que acontecerá nesta sexta-feira, dia 19, com concentração a partir das 15h na Praça Porto Rocha. Um trio elétrico seguirá os manifestantes até a praça do Turismo. A idéia é pedir um basta na violência contra as mulheres, tanto a violência velada, que acontece dentro de casa, pelos parceiros, maridos, filhos e irmãos, quanto a violência que acontece nas ruas, causada por estupradores e assaltantes. Será uma oportunidade de todas as mulheres, indiferente de idade ou da classe social, manifestar seu protesto e mostrar que não desejam mais ser refém de tais atos. A organização do evento é de órgãos como o Núcleo de Mulheres de Cabo Frio, o Movimento de Mulheres em Ação, Associação de Moradores de Cabo Frio e do Movimento de Mulheres de Tamoios, mas também está sendo apoiado por entidades como OAB-Cabo Frio, Movimento Negro de Cabo Frio, ONG Iguais e Prefeitura Municipal de Cabo Frio. Na foto acima, as organizadoras do movimento em reunião com a vice-prefeita de Cabo Frio, Delma Jardim (ao centro de camiseta branca)

terça-feira, 16 de junho de 2009

De volta

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Sob ameaça dos colegas de blog de receber o troféu "Teia de Aranha", estou atualizando:
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- O secretário de Cultura de Cabo Frio, Guilherme Guaral, comandou pessoalmente a primeira edição da Noite Literária, na noite desta segunda-feira, no Teatro Municipal. Diversos artistas se apresentaram e, na mesma ocasião, foi lançado oficialmente o blog do projeto Cabo Frio Cultura Viva (http://www.cabofrioculturaviva.blogspot.com/).

- Guaral teve uma grande aquisição ao puxar para sua pasta o historiador Rafael Peçanha, que é concursado pela Câmara Municipal. Peçanha está responsável pelo projeto Cabo Frio Cultura Viva, e, além criar o blog, conseguiu até mesmo uma boa entrevista com o secretário, disponível no mesmo site.

- A Revista CIDADE vem pegando fogo em sua próxima edição. Estará nas bancas na semana que vem.

- Aliás, a imprensa cabo-friense está em fase de crescimento. O Jornal de Sábado foi reformulado, o Lagos Jornal voltou à ativa, o Completo foi fundado e a Folha dos Lagos prepara novidades. Assim que é bom.

- A Rede Record está fazendo matéria sobre o abandono da Casa Wolney, no centro de Cabo Frio. Será exibida nesta terça-feira às 19h.

- O deputado federal Paulo César da Guia (PR/RJ), primeiro cabo-friense a assumir uma vaga na Câmara Federal, dá seus primeiros passos rumo à tentativa de reeleição, no ano que vem. Está buscando espaço na mídia.

- Em Arraial do Cabo, o governo Andinho (PMDB) acertou ao bater de frente com os invasores de Monte Alto e Figueira. Mostrou a eles que novas invasões não serão toleradas e já está conseguindo neutralizar a revolta dos moradores. Ações enérgicas, como se sabe, devem ser tomadas no início do mandato, quando a popularidade ainda está em alta.

- Em Cabo Frio, os erros do governo Marquinho Mendes (PSDB) estão provocando o crescimento da mídia negativa e, pior, consistente. Com reprovação em escala crescente, fica cada vez mais complicado eleger Carlos Victor Mendes, irmão do prefeito, deputado federal no ano que vem. O jornal Completo faz parte dessa movimentação e chega na tentativa de proporcionar uma “mídia amiga” ao governo municipal. Poderá ter sucesso: a equipe é boa e está empolgada.
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Chorinho

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quinta-feira, 16 de abril de 2009

O quarto poder

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Em uma alusão aos três poderes da República (executivo, legislativo e judiciário), é comum encontrar quem qualifique a mídia como o “quarto poder”, pela capacidade dos veículos de comunicação de manipular a opinião pública. Se utilizada de forma ética, a imprensa deveria informar a população com fatos relevantes, apontar os problemas da sociedade e dar voz às autoridades responsáveis pelas soluções. Mas não é bem assim. Nas mãos de uma elite econômica, a imprensa muitas vezes esquece a quem deve servir – o cidadão – e se submete a interesses menos nobres, para não dizer escusos.
É comum, principalmente na imprensa de pequeno e médio porte, ver os veículos de comunicação caírem nas mãos de políticos que utilizam o jornalismo para promover seus próprios atos, endeusar aliados e destruir inimigos. Um péssimo exemplo dos donos do poder, daqueles que deveriam ser a notícia, mas que, por sede de dominação, resolver fazer a própria notícia e garantir uma boa foto, uma manchete favorável e um texto puxa-saco. Uma prática, no mínimo, antidemocrática.
Mas nem sempre as tentativas de dominação são bem sucedidas. Vide o caso do Lagos Jornal, que nasceu em Cabo Frio para promover o grupo político do deputado estadual Alair Corrêa (PMDB) e se mostrou um verdadeiro fiasco. Com notícias claramente parciais, o informativo perdeu a credibilidade não conseguiu angariar votos para seu patrono, que perdeu a eleição para prefeito com larga diferença de votos. Pudera, a divulgação excessiva, a bajulação, tendem a fazer um efeito contrário. O leitor fica saturado e percebe que está sendo alvo de um engodo.
Um novo e triste episódio do mesmo tipo está prestes a se repetir em Cabo Frio. O tradicional Jornal de Sábado, que pertence ao Grupo Litoral (propriedade da família Ariston) está, no momento, passando por reformulações que deverão beneficiar diretamente o deputado federal Bernardo Ariston (PMDB). Dentro desta reformulação, já estão fora da redação o jornalista José Correia, que editou ou periódico por 11 anos e meio, e o repórter Lucas Müller, que lá estava há três anos. Um novo Lagos Jornal está surgindo.
Ariston anda inquieto com as dificuldades que deverá enfrentar no ano que vem para se reeleger. Pela primeira vez, terá dois concorrentes na Região dos Lagos (o deputado suplente Paulo César da Guia e o secretário de Desenvolvimento de Cabo Frio, Carlos Victor Mendes). Por conta disso, adotou maior agressividade na divulgação de seus atos, em um movimento que culmina na transformação do Jornal de Sábado em um boletim de campanha. O que esses políticos talvez não percebam é que o perfil do eleitorado está mudando. E Cabo Frio mostrou no ano passado que o coronelismo, aos poucos, vai sendo enterrado.
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Texto publicado no jornal Folha dos Lagos em 16/04

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Guaral

Prezado Tomás, gostaria antes de postar um texto atual sobre a questão da Casa e do acervo do fotógrafo Wolney Teixeira reproduzir aqui na totalidade a entrevista que enviei por e-mail para a repórter da Revista de História da Biblioteca Nacional. Podemos ver que o que foi escolhido como fala oficial da Coordenadoria/Secretaria de Cultura não representa a nossa orientação maior. Aproveito para levantar a questão de como em História e no Jornalismo as escolhas, as tradições e as verdades são construídas e muitas vezes fora do alicerce do que o emissor pretendeu marcar como posição. Essa entrevista foi feita em meados de fevereiro e está na Revista edição de março 2009.

QUESTÕES:
• O que a prefeitura de Cabo Frio tem feito – e pretende fazer – para preservar e valorizar a memória da cidade?
R – A questão da valorização de nossa história e consequentemente da memória da cidade tem sido um ponto importante nesse novo momento que estamos começando. Criamos na Secretaria de Turismo e Cultura um Departamento que cuidará da parte de Patrimônio e Museus e um dos esteios de nossa ação é retomar o IMUPAC (Instituto Municipal de Patrimônio Artístico e Cultural), estreitando os laços com o INEPAC e o IPHAN para que em conjunto possamos cuidar do patrimônio material e imaterial que é extremamente rico em nossa região.
• Como as fotografias de Wolney Teixeira de Souza poderiam ser incluídas num projeto de preservação/valorização da história de Cabo Frio?
R - Pretendemos criar um Centro de Memória onde atualmente é o prédio da Biblioteca Municipal (um solar do século XIX) e reunir nesse espaço toda a documentação já digitalizada pela Câmara Municipal, livros, mapas, acervo de historiadores e pesquisadores, montando um banco de dados reunindo tudo ou quase tudo que já foi produzido sobre Cabo Frio. A parte da iconografia é bastante importante neste contexto, sobretudo, por conta de sua visualidade e conseqüente materialidade em relação às transformações que a cidade sofreu e o acervo do Wolney Teixeira com cerca de 5.000 fotos é um manancial riquíssimo para os pesquisadores que buscam sedimentar seus trabalhos.
• Existe algum interesse ou projeto da prefeitura para criação – ou apoio à criação – de um museu/acervo sobre o fotógrafo?
R – Pela importância do acervo acreditamos que ele mereça um espaço destacado. Precisamos, no entanto, estreitar os laços com os familiares do fotógrafo/artista para criarmos um projeto que dê essa visibilidade a esse importante conjunto de documentos. O ideal seria buscar um espaço onde o acervo se tornasse a grande atração. Esperamos conseguir realizar esse Projeto.
• E outras casas de memórias? Há algum projeto em andamento, uma vez que Cabo Frio praticamente não dispõe de instituições deste tipo?
R - Acredito que todo trabalho gera frutos. Se a questão da preservação do nosso patrimônio ganhar os cidadãos e houver um engajamento da nossa comunidade nessa ação creio que esses espaços se multiplicarão. Entretanto, essa tarefa deve ser orientada pelo Poder Público, mas estando aberto e sendo convidativo a iniciativa privada para que ela também se envolva e se torne parceira nesse intuito. Um dos projetos pensados na Coordenadoria é o do Selo Cabo Frio Cultura Viva que pretende a partir de uma contrapartida do município (isenção de tributos municipais) poder associar novos espaços num processo de apoio institucional, gestão total ou parcial para ampliar a rede de centros culturais na nossa cidade.
• Quais são as principais atividades/projetos previstos pela Coordenadoria de Cultura para os próximos anos?
R – Além do projeto acima citado, estamos preparando um conjunto de ações com essa marca Cabo Frio Cultura Viva que prevê a abertura de um Edital para patrocínio nas áreas de Teatro, Dança, Literatura, Música, Manifestações Folclóricas, Curta-metragem, Gastronomia, Artes Plásticas e Diversidade Cultural. Essa ação visa apoiar as diversas linguagens e abrir um diálogo com cada categoria, além de mapear a produção cultural na cidade. Uma das contrapartidas exigidas no Edital será a participação dos contemplados no Projeto de criação de novos centros culturais nas Escolas Municipais chamadas de Escolas Padrão, espalhadas pelos bairros periféricos da cidade. Nosso objetivo é criar ações que fortaleçam nossos espaços culturais no centro urbano, mas também ampliar essa rede de circulação de cultura, levando oficinas e espetáculos de diversas linguagens artísticas as comunidades que não tem acesso aos bens culturais. O objetivo é formar, informar e fazer a cultura circular por todos os bairros da cidade, seja nas Praças, nas Escolas, nas Associações de Moradores ou em espaços particulares e vivenciar de fato o lema do governo, procurando garantir “a cultura para o cidadão”.

Secretaria de Turismo e Cultura de Cabo Frio
Guilherme Guaral - Coordenador Municipal de Cultura

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Reforma na gaveta

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Sete meses depois de ter saído vitorioso nas urnas, o governo Marquinho Mendes ainda não concretizou a tão falada reforma administrativa, que foi anunciada em uma entrevista coletiva concedida pelo prefeito na semana da vitória eleitoral. A reforma, idealizada por um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), previa a diminuição das 21 secretarias para apenas 13. O governo também seria divido em áreas administrativas, e as secretarias extintas passariam a se chamar coordenadorias.
A programação previa a extinção de secretarias importantes, como a de Planejamento, a de Cultura, a de Comunicação e a de Meio Ambiente, entre outras. Mas, até agora, o projeto de lei não foi enviado à Câmara Municipal. Sem a aprovação dos vereadores, o governo continua funcionando exatamente como antes, mas com um agravante: após o prefeito ter anunciado as mudanças, a opinião pública assimilou imediatamente as novas nomenclaturas, e alguns secretários passaram a ser chamados de coordenadores.
Mesmo sem as mudanças oficializadas, os próprios membros do governo já estão “ensaiando” a nova estrutura. No caso do Planejamento, por exemplo, a chefe do setor, Rosane Vargas, ainda está nomeada como secretária, mas trabalha subordinada ao secretário de Desenvolvimento e Meio Ambiente, Carlos Victor Mendes, como fará oficialmente quando se tornar coordenadora. O mesmo acontece com o secretário de Meio Ambiente, Alcebíades Terra, que, como coordenador, também ficará subordinado a Carlos Victor. Guilherme Guaral, na Cultura, estará lotado na Secretaria de Turismo e Cultura, sob o comando de Gustavo Beranger e José Correia, na Comunicação, vai ficar na alçada do secretário de Governo, Alfredo Barreto. Mas, por enquanto, todos fazem parte do primeiro escalão até que as mudanças sejam aprovadas na Câmara.
“Na verdade, nós já estamos trabalhando da forma que o prefeito determinou. Eu, por exemplo, reporto todas as questões pertinentes à Comunicação ao secretário de Governo, e não mais diretamente ao prefeito. Ou seja, apesar de ainda ser secretário, estou atuando como coordenador. E todos já estão fazendo dessa forma”, explicou o secretário de Comunicação, José Correia.
Fontes do governo, entretanto, apontam dificuldades políticas para concretizar a reforma. No ano passado, por exemplo, assim que o prefeito anunciou as mudanças, um de seus assessores ficou bastante surpreso:
“Que isso, só 13? Mas tem muita coisa em jogo”.
Nesta semana, um membro do primeiro escalão do governo afirmou que o prefeito sofre resistências para dar andamento à transformação de secretarias em coordenadorias.
“Muita gente ficou incomodada. O próprio acesso ao prefeito diminuiu”.
Esta coluna tentou, ontem, contato com o secretário de Governo, Alfredo Barreto, e com o secretário de Articulação Política, Antônio Carlos Trindade, mas eles não foram localizados. Sem uma posição oficial sobre a paralisação da reforma, o governo abre espaço para hipóteses. Uma delas é a de que o prefeito não consegue enfrentar seus subordinados, e sucumbe aos caprichos de quem acabaria prejudicado com o enxugamento da máquina. Com a palavra, o governo municipal.

* Texto publicado no jornal Folha dos Lagos em 9/04
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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Wolney Teixeira

A luta pela preservação da casa e do acervo do fotógrafo Wolney Teixeira une boa parte da sociedade cabofriense. Historiadores, artitas, professores, jornalistas ou, simplesmente, cidadãos conscientes da importância do patrimônio. Baggio Digital, que está nessa luta desde que nasceu, traz hoje dois textos publicados nesta semana pelo jornal Folha dos Lagos. O primeiro é do editor deste blog, e o segundo do teatrólogo José Facury Heluy. Dois pontos de vista diferentes e ao mesmo tempo congruentes sobre o mesmo assunto.

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Casa Wolney: museu ou ruína?

Tomás Baggio

A decisão da Justiça pela restauração da Casa Wolney, no centro de Cabo Frio, é um importante sinal de sintonia com os anseios da sociedade (ou parte dela). A novela, no entanto, já tem mais capítulos do que os divulgados até o momento, pois a sentença proferida pelo juiz Walnio Franco Pacheco no dia 13 de janeiro já foi motivo de recurso por parte da prefeitura de Cabo Frio. Ainda na mesma semana, a Procuradoria-Geral do Município entrou com um agravo de instrumento alegando que o imóvel não teria valor histórico suficiente para ser preservado. O agravo foi negado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) no dia 20 de fevereiro, quando a corte ratificou a sentença do juiz de Cabo Frio.
Porque, então, o processo só foi divulgado anteontem, 31 de março?
“Porque o processo foi movido pelo Ministério Público e, não sei por qual motivo, eles não divulgaram antes. Tomei conhecimento do assunto apenas na semana passada. Não podíamos acionar os proprietários porque o imóvel não é tombado pelo Iphan. Estamos participando das discussões, mas à margem da questão judicial”, explicou o chefe do escritório técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-Cabo Frio), Manoel Vieira, que disponibilizou o documento à imprensa.
O chefe do Iphan afirma que a prefeitura está lutando contra uma “causa perdida”, e clama pela preservação do patrimônio.
“Em vez de defender uma causa perdida, a prefeitura deveria somar esforços para cumprir a determinação judicial. Porque, acima de tudo, esse assunto não é uma questão de Justiça, é uma questão sócio-cultural. E como se não bastasse a aclamação pública, agora é a vez da Justiça fazer coro pela preservação”, opina Vieira.
A opinião do governo municipal, ao menos por hora, não muda com a decisão da Justiça. O coordenador de Cultura da prefeitura cabofriense, Guilherme Guaral, diz que ainda precisa conversar sobre os novos fatos com o prefeito Marquinho Mendes e com o secretário de Turismo e Cultura, Gustavo Beranger. Por enquanto, ele continua achando difícil para o poder público municipal liderar a recuperação do patrimônio.
“Na minha opinião, há duas frentes de trabalho quando se fala em Wolney Teixeira. Uma é a aquisição e a preservação do acervo, que eu considero de extrema importância. Outra é a recuperação da casa, que é um assunto mais complicado. Temos aí uma questão judicial a ser resolvida, porque o imóvel já foi vendido e não pertence mais ao Warley (Sobroza de Souza, filho de Wolney). Sem contar que a casa está totalmente descaracterizada e precisaria ser reconstruída. Eu estimo que isso não seria feito com menos de R$ 2 milhões, e hoje não temos dinheiro para isso. Não temos mesmo. Só se o Iphan fizesse uma parceria de verdade e nos ajudasse a captar recursos”, declarou Guaral.
O coordenador de Cultura anunciou que, mesmo antes de negociar a aquisição do acervo de mais de dez mil fotos que está com Warley, a prefeitura irá montar, na Casa de Cultura José de Dome, o Charitas, uma sala em homenagem ao fotógrafo Wolney Teixeira.
“Temos um pequeno acervo de cerca de 100 fotos nas mãos do poder público e já dá pra começar a montar esse espaço. Depois, com o Warley ao nosso lado, vamos realizar exposições temáticas e outras atividades”, contou.
A mobilização pela preservação da Casa Wolney começou no ano passado, quando o então secretário de Cultura, Milton Alencar, disse que não falaria sobre o assunto, que considerou como “encerrado”. Na semana seguinte, em uma reunião no Convento Nossa Senhora dos Anjos, a memorialista Meri Damaceno e o historiador Célio Guimarães deram voz ao movimento pela preservação do patrimônio, que culminou com a promessa do prefeito Marquinho Mendes, então candidato à reeleição, de recuperar o imóvel e transformá-lo no Museu da Imagem Wolney Teixeira.
Eis uma boa oportunidade de acabar com o divórcio entre os governantes e a classe artística, provocado, principalmente, pela política de distanciamento implementada pelo ex-secretário de Cultura (atual superintendente na mesma secretaria). Ter um pacificador como Guaral no comando é um bom começo, mas o casamento só irá se consolidar se o governo tomar o setor como prioridade na administração.

* Texto publicado no jornal Folha dos Lagos em 2/04

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O catador de memórias

José Facury Heluy

Com exceção da Casa do Scliar, por ter sido um empenho pessoal do seu filho e estudiosos das obras do artista, Cabo Frio, é único lugar que eu conheço em que a oficialidade cultural não resgatou como museu ou espaço de artes a moradia dos seus habitantes ilustres. Até Arraial do Cabo nos dá um banho com a casa do poeta Vitorino Carriço. Em Casemiro de Abreu temos a casa do poeta dos nossos doces anos. Em São Pedro a Casa da Flor do Gabriel, o nosso Gaudi tupiniquim. Por aqui, ninguém sabe onde morou Teixeira e Souza e a casa do excelente e genial pintor Zé de Dome, está lá largada nas Palmeiras, assim como algumas das suas obras.Talvez não considerem o eminente fotografo um ilustre. Mas é a única maneira de sabermos da cidade daqueles tempos e conhecermos melhor a história que nos cerca. Não pensem que ter apenas o seu acervo, sem a casa, já bastaria. Quem a comprou foi um empresário para fazer uma daquelas horrorosas lojas que se amontoam na Érico Coelho e empresários fazem qualquer negócio com o poder público.Na Rua Érico Coelho, antiga Rua Direita, cheia de referências históricas da cidade, só existe um sobrado que a identifica como tal: o palácio das Águias. É muito pouco para uma cidade histórica, perto de completar quatrocentos anos de fundação. O valor memorial de tê-la é incomensurável. A casa do Wolney estando ali, reformada, a arejaria culturalmente: todo o seu acervo exposto em diversas mídias; bacias, aparelhos e tinturas que o acompanharam através dos tempos; os diversos modelos de máquinas fotográficas que utilizou para retratar a cidade; o projetor cinematográfico do antigo Cine Recreio que se encontra deteriorando no foyer do Teatro Municipal e todas as matrizes pagas pelo poder público que se encontram acondicionadas na Cabo Frio TV, referenciariam integralmente a rua. Até porque as melhores imagens do acervo do fotografo são exatamente as da Rua Direita retratada por Malta e Picarelli no inicio do século XX.No exterior, veríamos a simplicidade colonial das casas baixas com seu telheiro que marcaram a moradia cabo-friense no inicio do século passado e nos seu interior veríamos um sofisticado e moderno Museu da Imagem. Com ela, caberia uma campanha de doações em Cabo Frio onde se revelariam outros documentos em forma de imagem que se encontram guardados nas casas das famílias tradicionais, que nem “a pau” entregarão à Prefeitura se não tiver um espaço expositor que as valorize.Desde 2005 que o Warley vinha oferecendo a casa e o acervo do seu pai com a sua curadoria para a Prefeitura Municipal e nada. Agora, dizem que não adquirirão a casa, mas acham-se imbuídos em tê-lo como protetor do seu acervo. O tempo passará de novo, sem que nada aconteça até ele desistir e vender tudo para um colecionador ou um museu de fora de Cabo Frio. Isso já aconteceu com o Museu do Mar do Elísio Gomes.Aí, teremos que nos contentar com as reproduções que se desgastam nas paredes dos prédios públicos da cidade ou comprar a peso de ouro, cada cópia de um novo dono, para aguçar a nossa memória. O maior catador dessas verdades memoriais tem que ser o poder público. Só assim, poderão falar em turismo cultural de qualidade...

* Texto publicado no jornal Folha dos Lagos em 1/04

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Mendigos

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A série de fotos entitulada "Mendigos" é um verdadeiro soco no estômago. As imagens foram captadas por Flávio Pettinichi nas ruas de Cabo Frio.
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terça-feira, 31 de março de 2009

Esperança para a Casa Wolney

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A prefeitura de Cabo Frio foi condenada a dar início imediato ao processo de recuperação da Casa Wolney, na Rua Érico Coelho. A construção histórica, onde morou o fotógrafo Wolney Teixeira de Souza na primeira metade do século passado, está em ruínas e precisará ser totalmente reconstruída. De acordo com a decisão judicial, a prefeitura tem dez dias para começar as obras, sob pena de multa diária de R$ 1 mil. O governo ainda não anunciou se vai recorrer da sentença. Além da prefeitura, os atuais donos do imóvel também são réus na ação movida pelo Ministério Público.
No ano passado, dois meses antes das eleições, o prefeito Marquinho Mendes ordenou a invasão da casa por agentes da Saúde Coletiva, alegando perigo à saúde pública (o local, que ainda está abandonado, continua servindo de criadouro insetos). Após a limpeza, Marquinho anunciou que aceitaria a proposta de fazer, alí, o Museu da Imagem Wolney Teixera, como disse à época. Vitorioso nas urnas, nunca mais falou no assunto.
Há duas semanas, o coordenador de Cultura da prefeitura cabofriense, Guilherme Guaral, se encontrou com o filho de Wolney, o também fotógrafo Warley Sobroza de Souza. Eles negociaram a aquisição de todo o acervo - com mais de dez mil fotos - por parte do poder público. Mas ambos se disseram céticos quanto à preservação da residência, que já foi vendida por Warley a um empresário interessado em abrir mais um ponto comercial no centro da cidade.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Cineclube Mate com Angu

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SESSÃO CHOQUE DE DESORDEM

É incrível como muitas vezes a gente vai aceitando passivamente os discursos ventilados nos grandes meios de comunicação, difundidos como quem não quer nada e que de uma hora pra outra, pronto, viram ações legitimadas pela chamada opinião pública.
O mais recente desses discursos é o tal choque de ordem, propalado aos quatro ventos como a solução para todos os problemas e elevado a novo mantra dos tecnocratas de plantão, aqueles mesmos que mais atrapalham do que ajudam.
Parece papo de perseguição, conspiração e coisa e tal – e talvez seja mesmo!O fato é que o Estado do Rio vive um momento de adesão à tal política de choque de ordem, mesmo quando ninguém entenda exatamente de que ordem está sendo falada.
O Mate Com Angu vai falar disso, metendo o dedo de com força nessa discussão. Primeiramente esse discurso em voga não é exatamente novo na história política do país. Foi com o discurso de choque de ordem, de civilização, de acabar com a bagunça e nomes afins que o país entrou em grandes roubadas ao longo de sua história. Haja vista o bota-abaixo do Pereira Passos, as pregações de Carlos Lacerda, a vassoura de Jânio Quadros, o golpe de 64, entre outros, que parecem revelar sempre a mesma pedra no sapato dos encastelados no poder: o que fazer com o povo, com aquela gente miscigenada e amontoada nos morros e palafitas das cidades?
Acredite: esse discurso saneador, de assepsia, de limpeza, representa um dos mais perigosos discursos em tempos conturbados como o nosso. Justamente porque ele legitima práticas totalmente condenáveis de exceção, perseguição, rotulação, criminalização.
Seja na cidade do Rio, em Duque de Caxias, em Macaé etc, o discurso do choque de ordem bota abaixo sem discussão a história, a cultura, a vida das pessoas, antes que se possa argumentar com a lógica, com o bom senso. Exatamente o que fazia a ideologia do nazi-fascismo. Parece exagero, mas esse discurso – e sua prática sumária – é uma prima de primeiro grau dos linchamentos de mendigos, da queima de índios nos pontos de ônibus, das surras em prostitutas na madrugada. Tudo em nome da “ordem”, da “limpeza” das ruas, do “ordenamento”, da “organização”, da assepsia, do “bom visual”.
Por muito menos a sociedade já viu abusos desumanos decorridos disso. A ditadura militar, por exemplo, fez esse quadro recrudescer de maneira dramática: enquanto a classe média curtia o consumo nas ondas do milagre econômico as cidades aprofundavam uma fenda que hoje chega às raias do inconciliável... Só um gênio como Bezerra da Silva pra testemunhar e relatar a vida da população por volta de 70 e 80...
Quando Nelson Pereira dos Santos filmou Rio 40 Graus, em 55, descortinou-se um Rio de Janeiro que melava o culto cartão-postal do Redentor, da Princesinha do Mar, do Pão de Açúcar, do Cassino da Urca, dos famosos bailes onde as pessoas curtiam felizes as delícias proporcionadas pela geografia generosa da Cidade Maravilhosa... Hoje aquele Rio mostrado pela primeira vez na tela tomou conta e parece muito maior e mais “perigoso”. Receita: criar mecanismos para criminalizar o povo. Limpar as ruas. Ordenar a Zona Sul do Rio. Choque de Ordem neles.
Porque afinal de contas, essa política também é extremamente covarde: primeiro baixamos o cacete nos informais, nos malditos camelôs, nos biscateiros ilegais que atravancam o progresso do país... Depois, se der tempo, podemos desconcentrar a renda, fazer reforma agrária, prender os corruptos e fazê-los devolver o dinheiro, essas coisas. Depois. Agora não. O valente só é valente em relação ao mais fraco. Qualé, choque?...
E pior do que a ideologia posta em prática é o silêncio das camadas que poderiam protestar, intervir, fazer barulho. Não falamos nem do silêncio e da conivência da grande imprensa porque esta já está caindo até no ridículo, como é o caso da revista Veja, por exemplo. É muito perigoso que esse discurso vá contaminando a sociedade e ninguém revide.
O velho Heráclito de Éfeso, há 2.500 anos atrás já dizia: a harmonia oculta é superior à aparente. Sábio, profundo isso. E agora é o momento de ousar novas ordens, aprender com a criatividade. O Brasil é de fato o criador da Nova Ordem Mundial, filha da Cultura, do Improviso, da Convivência, da Música como ordenação. É preciso um novo sentido para ORDEM. MEDRO. MDORE. EDROM. DORME.
Enquanto os políticos que estão aí oscilam ou entre o banditismo explícito saqueador dos cofres públicos ou o salto alto da geração Barra da Tijuca, estamos lascados. Mas somos uma minoria barulhenta e não estamos sós.
Sem o velho vício de falar em nome do povo, o Mate Com Agu propõe hoje uma reflexão sobre que modelo de cidade queremos. Algumas coisas já sabemos: com distribuição de renda e com mais imaginação. Mais arte e mais comida no prato. Mais cidadania e mais sexo. Mais respeito e mais diversão. A ordem é a desordem de ser humano.

Resumindo:
1) choque de ordem é o caralho!
2) E QUEM DÁ CHOQUE NO ESTADO?

Abraços chocantes,
Cineclube Mate Com Angu
7 anos desafinando o coro dos contentes

quinta-feira, 26 de março de 2009

Wolney na HISTÓRIA

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Retratos em família

Acervo de mais de 10 mil imagens de Wolney Teixeira de Souza, o
“fotógrafo de Cabo Frio”, permanece na casa de seu filho

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Por Juliana Barreto Farias

“O homem é um produto do meio em que vive”, diz o fotógrafo Warley Sobroza de Souza. Motivos para acreditar nisso não lhe faltam. Filho e neto de fotógrafos, ele herdou a paixão familiar pelas imagens instantâneas. Nas últimas décadas, tornou-se guardião do rico acervo paterno, o Arquivo Fotográfico Wolney Teixeira de Souza, com mais de 10 mil fotografias de lugares e personagens de Cabo Frio, cidade turística do litoral do Rio de Janeiro, registradas entre as décadas de 1930 e 1980.
“A cidade do arquivo do meu pai já não existe mais. Mas ele tinha consciência de que suas imagens iriam permanecer. Dizia: ‘Isso aí vai ser seu futuro. Vai fazer parte da memória de Cabo Frio’. Talvez por isso nunca tenha jogado fora a chapa de vidro e o ampliador, próprios para a reprodução de seus negativos”, conta Warley. Seu pai tinha razão. Percorrendo a cidade, é possível encontrar cópias de suas fotos penduradas nas paredes de restaurantes, escritórios e repartições públicas. Também não é difícil achar moradores que tenham registros de batizado, primeira comunhão ou casamento feitos pelo “fotógrafo de Cabo Frio”.
Sem qualquer tipo de apoio financeiro, ele mantém as fotografias organizadas num cômodo nos fundos de sua casa. As imagens retratam antigas salinas da região, praias quase desertas, pescadores e outros trabalhadores do mar, festas religiosas, eventos políticos e a intimidade de muitos cabo-frienses. “São fotografias que transportam para os nossos dias o local bucólico e interiorano que um dia foi Cabo Frio. Em pouco mais de vinte anos, o lugarejo da Região dos Lagos se tornou um dos grandes centros turísticos do estado do Rio, e grande parte de seu patrimônio paisagístico e cultural desapareceu com a expansão urbana e a especulação imobiliária”, assinala Rodrigo Sarmiento da Silva, professor de História na cidade, que prepara projeto de mestrado sobre o acervo.
A fotografia entrou na vida da família pelas mãos e olhos do pai de Wolney, Antonio Motta de Souza. Filho de fazendeiro da região de São Pedro da Aldeia, Antonio, mais conhecido como Zinho Pereira, preferia caçar e pescar a cuidar dos negócios familiares. Para tentar mudar os rumos de sua vida, parentes arranjaram-lhe um emprego em uma ferrovia mineira. Em pouco tempo, passou de peão a carregador dos pesados equipamentos do profissional que fotografava as obras. Nascia ali a paixão pelas imagens. Zinho Pereira decidiu se aperfeiçoar no novo ofício, foi estudar na capital carioca e teve a sorte de ganhar, como mestre, Augusto Malta (1864-1957) – que como fotógrafo da Prefeitura Pereira Passos foi o responsável pelos únicos registros das radicais transformações por que passou o Rio naquele início de século XX.
Não demorou para que Wolney, filho mais velho de Zinho Pereira, acompanhasse os passos paternos. No início, usava o equipamento dele, uma máquina enorme, de madeira, muito parecida com as câmeras de lambe-lambe. Mas na década de 1930 adquiriu outras mais modernas, como uma speed-graphic americana, a única de toda a Região dos Lagos. Como um verdadeiro “fotógrafo-arquivista”, preocupava-se em preservar os registros de outros profissionais que passaram pela cidade. Na década de 1960, resgatou uma série de fotografias do próprio Malta feitas em 1915, durante as comemorações pelos 300 anos de Cabo Frio. Elas estavam prestes a ser jogadas no lixo junto com os entulhos de uma empresa falida. Sabendo da importância que essas imagens tinham para a história local, manteve sempre o cuidado de catalogar e dar um tratamento minimamente adequado a todos os registros que acumulou ao longo de mais de cinqüenta anos.
Hoje seu acervo permanece organizado praticamente como ele deixou. Quando faleceu, em 1983, seu filho Warley criou um arquivo com toda a coleção. “Apenas” 1.500 negativos estão catalogados. O restante fica guardado em caixas de sapato. Um verdadeiro risco para uma documentação que precisa de cuidados tão especiais. Para conservar coleções desse tipo, é necessário criar barreiras para a entrada de luz ou poeira e ainda evitar oscilações de temperatura e umidade. Não é à toa que o fotógrafo Warley, já com 70 anos e sem filhos, se preocupa com o destino de todo esse material. “O arquivo só vai sair da minha casa se ficar em Cabo Frio, nas mãos do poder municipal, pois foi para isso que meu pai trabalhou: para a memória da cidade.”
Mas até agora os administradores de Cabo Frio não se deram conta da importância do acervo. Coordenador de Cultura do município, o historiador Guilherme Guaral diz concordar que as fotografias de Wolney Teixeira merecem atenção, mas pondera que antes é preciso “estreitar os laços com os familiares do artista para criarmos um projeto que dê visibilidade a esse importante conjunto de documentos”.
Enquanto a parceria mais uma vez não avança, Warley prossegue descobrindo novas imagens – a última foi uma bela panorâmica feita por Malta no alto do Morro da Guia, em Cabo Frio – e recebendo, com visível orgulho, pesquisadores e moradores interessados nas histórias de sua família e de sua cidade.
*Texto publicado na revista HISTÓRIA da Biblioteca Nacional em março de 2009 e extraído do site http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=2261

Programas sociais

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Entre as mudanças ideológicas causadas pela troca do PSDB pelo PT no comando da nação, a maior delas, sem dúvidas, está na condução dos programas sociais. Como aposta no estado mínimo e no livre-mercado para a geração de riquezas, os tucanos agiam de forma mais tímida no que diz respeito à transferência de renda para os mais pobres. O governo Lula, ao contrário, defende que a máquina pública deve sustentar diretamente aqueles que não têm condições mínimas de sobrevivência. O maior símbolo dessa mudança foi a criação do Bolsa Família (unindo três programas sociais do governo Fernando Henrique), além de uma enorme expansão do benefício. Hoje, nada menos que 11,1 milhões de famílias estão cadastradas no maior programa de transferência de renda do mundo. Um gasto (ou investimento, como preferem alguns) de R$ 900 milhões por mês.
Atribui-se ao Bolsa Família, em grande parte, a altíssima popularidade do presidente Lula e de seu governo, mesmo em tempos de crise financeira ou no ápice das investigações do escândalo do Mensalão (alguém aí se lembra que isso existiu?). E se a receita está dando certo, nada mais natural do que ver o novo modelo sendo copiado por políticos de todo o Brasil. Governantes das mais diversas siglas partidárias copiam e inventam novas formas de se aproximar das classes mais pobres.
Em nossa região, por exemplo, o maior programa social em atividade (a nível municipal) não está sendo elaborado por nenhuma Secretaria de Ação Social. Parte da Secretaria de Transportes de Cabo Frio a concessão do Cartão Cidadão, que permite ao usuário pagar menos da metade de uma tarifa normal para andar nas linhas municipais do transporte coletivo.
“Transformamos a passagem mais cara do Brasil na passagem mais barata”, disse, orgulhoso, o prefeito Marquinho Mendes (PSDB) durante a última visita do presidente Lula a Cabo Frio, neste mês.
O programa Transporte Cidadão, que elabora o tal cartão, atende, atualmente, 63.354 moradores de Cabo Frio. Outros 15 mil cartões já estão elaborados à espera de seus donos. Quem tem o benefício paga R$ 1 em qualquer passagem nas linhas municipais, enquanto a tarifa normal é de R$ 2,20 (de uma cidade para outra, mesmo em distâncias pequenas, paga-se absurdos R$ 3,15). A prefeitura quita a diferença com a Salineira, única empresa de transportes que atua na cidade. Segundo o secretário de Transportes de Cabo Frio, Mauro Branco, o município paga uma média de R$ 160 mil por semana à Salineira, um total de R$ 640 mil por mês.
“É importante enfatizar que a prefeitura paga semanalmente e está em dia com a empresa. Se não efetuássemos o pagamento, o benefício estaria interrompido”, explicou Branco, refutando boatos de que o pagamento à Salineira estaria atrasado.
Apesar do rombo ao cofre municipal, o benefício, sem dúvidas, recai diretamente sobre a população que mais precisa. Por outro lado, ele infla também o caixa da empresa de transportes que, segundo Marquinho, pratica a passagem mais cara do país (afinal, o preço da passagem não mudou, apenas o consumidor de Cabo Frio que tem o cartão é beneficiado).
Em meio a uma enorme crise financeira internacional, o presidente Lula sacramentou: “é hora de investir”. O recado foi claro. Mexe-se em tudo, menos nos benefícios. A lição está sendo seguida a risca pelos prefeitos, que já cortaram empregos e gastos da máquina pública, mas ninguém, até agora, diminuiu o tamanho dos programas sociais. Essa é aposta dos governantes de passar pelo período de turbulência sem ficar de mal com a população.
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Texto publicado no jornal Folha dos Lagos em 26/03

quarta-feira, 25 de março de 2009

Refém das sombras

Inspirado no artigo abaixo de Lucas Müller, o artista plástico Flávio Pettinichi mandou esta imagem que, como ele disse, tem tudo a ver com o texto. A fotografia, cujo título é "Refém das sombras", foi feita em uma câmera digital Fujifilm de 5.1 megapixels.

terça-feira, 24 de março de 2009

Artigo

No limite do jornalismo cabofriense
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Por Lucas Müller

“Há momentos em que silenciar é mentir” (Unamuno). Certas frases traduzem exatamente o que sentimos. Me sinto um mentiroso.
Há cerca de três anos e meio, por ideário coloquei em minha mente que gostaria duma profissão que mudasse as coisas ao meu redor, escolhi jornalismo. Cresci imensamente como homem, e agradeço a Deus por isso, mas confesso que não vejo mais o além da minha profissão em minha cidade – Cabo Frio. Cheguei no que chamo ser a “linha limite”.
Em todo esse tempo, acho que não existiu uma única semana em que eu não conhecesse uma pessoa diferente – ou melhor, conhecer não, pois leva tempo, mas observar e tentar senti-la. Viver nas ruas por trabalho é magnífico, a experiência adquirida jamais morre. Quando você é muito curioso, a realidade, ou fragmentos dela, se torna mais latente. Com a observação da realidade e vivência nela, a verdade mostra-se, mas até onde você seria capaz de suportá-la?
Ver com seus próprios olhos ou ouvir de testemunhas – algumas mentirosas, outras duvidosas e poucas verdadeiras – a nossa doença, o nosso cancro cabofriense: prostituição infantil no segundo distrito, seres humanos se alimentando em nosso lixo, corrupção policial pelo tráfico de drogas, fantasmas públicos - alguns inclusive da mídia, alguns parasitas públicos que fingem que trabalham ou estão tão iludidos e se entregaram ao passar dos dias. Afinal para onde correr se nossa cidade não gera emprego? E nosso turismo é ridículo, amador em todos os sentidos.
Na educação, ver uma subvenção de Carnaval que é o mesmo preço da construção duma faculdade pública, mas ver todos preferirem as migalhas das bolsas de estudo, ou os diplomas mais fáceis das privadas. Nosso imediatismo de “sucesso” é a nossa decadência.
Ver o funk, alcoolismo e drogas (licitas e ilícitas) que destroem nossas crianças e jovens, a mídia de massa nos tornando carneiros consumistas, o judiciário vendido, a eterna litania infindável por todos os cantos. Ver médicos e professores, com admiração e ao mesmo tempo com repúdio, daqueles que são heróis anônimos aos assassinos do futuro, lado a lado.
Levei um longo tempo para enxergar – talvez por ser sonhador demais, sempre me disseram isso – que nossa mídia não existe. O que é uma lei – prescritível – é que a mídia jamais se volta contra os seus patrocinadores. Mas se o patrocinador é justamente o poder público, então para que mídia?
Basta observar agora, com a queda brusca dos royalties do petróleo em nossa Prefeitura (cerca de 50% em cinco meses - de R$ 12 milhões em outubro a R$ 5,8 milhões em fevereiro) diversos jornais não circulam por não ter o sagrado patrocínio público, os canais televisivos e radialistas em crise, alguns a fechar se a torneira pública não for aberta em alguns meses.
E, por fim, a nossa escolha, o nosso dever, a nossa diretriz – a nossa política. Em grande parte das cidades do país, verbas desviadas, compra de votos, enriquecimento ilícito, superfaturamento de obras, assistencialismo como garimpo de votos, os chamados “conchavos políticos”, que mais se assemelham a correntes, em uma democracia essa é a sua ditadura – não poder se livrar das pragas que o levaram ao topo.
Ás vezes também me pergunto para que existem Câmaras dos vereadores no Brasil? Gostaria realmente de conhecer alguma em alguma cidade do país em que ela não fosse uma gueixa da Prefeitura ou de um político que a deseja.
Como caçar demônios que são amados e eleitos pelo povo? Ou seja, por nós. Sinto-me diariamente culpado por tudo o que acontece. Nunca poder provar – ou noticiar - porque as testemunhas são passivas (a alimentação de suas famílias conta mais alto) e minha profissão nessa cidade não me permite isso. E mesmo se conseguir só, nu, provar para quem? Para polícia? Para justiça? Para nós?
Meu silêncio me sufoca, a indignação me faz tremer de ódio. Outro dia desses vi um filme chamado Paradise Now, e vi minha cidade, e me vi num personagem. Tirando a estética, não vejo muita diferença em viver na Palestina e viver em Cabo Frio. Hoje vivemos de inimigos invisíveis e confesso que prefiro morrer na Palestina.Pretendo um dia chegar ao topo dos topos e chegarei. Vejo que como se fala e se acha - não se muda nada de baixo - apenas de cima. Posso modificar alguma coisa por um curto tempo, mas não mudar. A mudança deve vir pela mente e não pela carne do sistema. Deve-se vir do alto poder, não do baixo. Algumas pessoas podem me perguntar por que ainda continuo escrevendo? Em Cabo Frio, apenas por dois motivos: o resgate da cultura antes-televisão e divulgação e procura de talentos locais, e fora daqui, porque aviva o meu caos.
* Texto publicado no Jornal de Sábado em 21/03
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sábado, 21 de março de 2009

Há dois anos

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Baggio Digital relembra, neste sábado,
homenagem feita à ativista Amena Mayall
pela Folha dos Lagos em 10 de março de 2007.
Vale também o registro da chamada de capa, que
vem logo a seguir.
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O papel da imprensa não se resume em contar a história do nosso tempo. Não. É dever dela, muito especificamente, preservar valores, resgatar tradições, costumes e valores humanos que por aqui passaram e que deixaram extraordinárias contribuições. Mais do que nunca em seus 17 anos, a Folha, a partir de agora, envereda por enobrecer ainda mais a sua missão. E a primeira matéria de uma série que vem por ai não poderia ter outro titulo:



Amena Saudades Mayall

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Tomás Baggio

Quando chegou à Região dos Lagos em 1975, à procura qualidade de vida para a família, a carioca Amena Mayall talvez não pudesse imaginar o que, mais tarde, iria simbolizar sua rápida passagem por aqui. Quase 21 anos após o trágico acidente que lhe tirou a vida, Amena é uma unanimidade entre os que conhecem a história da mulher que despertou, na região, a importância da cultura local e do meio ambiente. Militante, ativista, professora e mãe, Amena foi especial. Quando morreu, levada pelas águas da Praia Brava, em Cabo Frio, tornou-se um mito. E quem a conheceu tem por ela o maior sentimento de brasilidade: a saudade.
Foi a primeira pessoa com a proposta de fazer um levantamento da rica cultura popular das cidades da Região dos Lagos. Segundo a professora e amiga Anita Mureb, isso chamou a atenção dos que viviam aqui.
- Ela e Márcio Werneck foram os responsáveis por uma mudança na mentalidade das pessoas da nossa região. Eles vieram do Rio com muita bagagem. Logo formamos um grupo de seguidores - conta Anita.
Assim que chegou, Amena juntou-se a Werneck com ideais parecidos. Ele era secretário de Turismo no primeiro governo de José Bonifácio, e a chamou para chefiar o serviço de Atividades Culturais da secretaria. Foi nesse período, em fins da década de 70, que ela idealizou e criou o Centro Cultural Manoel Camargo, em Arraial do Cabo (na época a cidade pertencia a Cabo Frio). O centro tornou-se a segunda casa de cada uma das pessoas daquele grupo. Lá, realizavam projetos culturais, como o Festival Marearte, e folclóricos, como a Folia de Reis, além de colecionarem peças artesanais que, hoje, fazem parte do acervo definitivo do Centro Cultural, na sala que tem o nome de Arnena Mayall.
A mulher que se apaixonou pelos contos e causos populares da nossa região foi, na verdade, uma agitadora cultural, descobrindo e catalogando artistas pela região, e deu grande contribuição ao incentivar o trabalho das rendeiras de Arraial e Cabo Frio. Após anos de pesquisas, escreveu contos típicos. O único publicado se chama "Itaca", e mostra a conversa de uma avó rendeira com sua neta em Arraial do Cabo.
A luta politica
Os seguidores estiveram com Amena até o fim. Não apenas nas atividades culturais, onde se divertiam sem saber, ao certo, a importância do que estavam fazendo. Mas também nas atividades políticas. Este grupo comandou a Associação de Meio Ambiente da Região da Lagoa de Araruama (Amarla), e liderou a criação do Parque das Dunas, em Cabo Frio, onde, na época, um grupo de empresários tentava construir um empreendimento imobiliário.
Conseguiu, através de ação popular, o embargo da Avenida Litorânea, que ligaria a Praia do Forte, em Cabo Frio, até a entrada de Arraial do Cabo, beirando a orla e destruindo parte da vegetação. O engajamento de Amena confundia-se com a própria personalidade.
O ativismo já fazia parte da vida dela muitos anos antes de chegar à Região dos Lagos, na luta contra a ditadura militar, que a prendeu e a torturou, no Rio de Janeiro. Em 20 de março de 1972, foi levada à cadeia acusada de reorganizar o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR).
"Fui levada por vários homens armados com metralhadoras, que me conduziam encapuzada (...) Sofri maus tratos na dependência policial", disse ela, em depoimento no dia 5 de outubro do mesmo ano, quando teve a prisão relaxada pelo juiz da 3ª. auditoria do Exército.
A luta política, que continuou na Região dos Lagos através da defesa do meio ambiente, deu envergadura política à líder. Em 1982, Amena Mayall candidatou-se a prefeita de Cabo Frio pelo Partido dos Trabalhadores (PT), com o lema "progresso sem poluição". Ela teve 467 votos e ficou em nono lugar. Nesta eleição, Alair Corrêa tornou-se prefeito de Cabo Frio pela primeira vez.
A história
Amena Mayall nasceu em 21 de setembro de 1943, nas Laranjeiras, Rio de Janeiro. Formou-se em Comunicações e Filosofia na Universidade Santa Úrsula, e lecionou Filosofia na Fundação Educacional da Região dos Lagos (Ferlagos). Sua vida foi interrompida drasticamente aos 43 anos, enquanto passeava pela Praia Brava, em Cabo Frio. Foi arrastada pelas ondas do mar e se afogou. O acidente do dia 5 de abril de 1986 trouxe comoção e tristeza para toda a região. Ela deixou cinco filhos; Pedro, hoje com 41 anos; Paulo, com 39 anos, Moana, 31; Daniel, 30 e Mateus, de 28. Amena deixou ainda, entre nós, o exemplo de uma vida voltada para as lutas políticas, ambientais e artísticas. E esse exemplo não deve ser esquecido.
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Depoimentos:

Ela tinha uma cabeça diferente. Essas coisas que as pessoas pensam hoje, sobre ecologia, ela já pensava na época – Otime Cardoso dos Santos (Timinho) – ex-prefeito de Cabo Frio.
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Amena despertou a Região dos Lagos para as questões do meio ambiente e da cultura popular. Foi uma pessoa especial, com uma história interessante e muita sensibilidade no coração. A saudade de Amena é muito forte – Anita Mureb: professora e amiga.
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Minha mãe estava atenta a questões como a cultura local e o meio ambiente, já (na época) afetados pela globalização econômica e cultural e pela acelerada urbanização das cidades pequenas. Exerceu uma espécie de mecenato, pois utilizava de seus próprios recursos para financiar a produção de cada artista – Moana Mayall: filha.
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Eu e Márcio admirávamos muito o trabalho de Amena Mayall. A participação dela na cultura cabofriense é muito grande – Penha Werneck; viúva do historiador Márcio Werneck, ex-secretário de Turismo de Cabo Frio.
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Foi a mais importante contribuição que a nossa região já recebeu na área cultural. Ela ajudou a atividade artesanal, que antes era isolada, a se transformar numa área valorizada por todos – José Bonifácio; ex-prefeito de Cabo Frio.
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Uma lutadora cultural. Ela transformou os artesãos em personalidades artísticas – Antônio Carlos Trindade; secretário de Desenvolvimento, Indústria e Comércio de Cabo Frio.

* Dados como idade e cargo dos entrevistados referem-se à época da publicação.
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