terça-feira, 31 de março de 2009

Esperança para a Casa Wolney

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A prefeitura de Cabo Frio foi condenada a dar início imediato ao processo de recuperação da Casa Wolney, na Rua Érico Coelho. A construção histórica, onde morou o fotógrafo Wolney Teixeira de Souza na primeira metade do século passado, está em ruínas e precisará ser totalmente reconstruída. De acordo com a decisão judicial, a prefeitura tem dez dias para começar as obras, sob pena de multa diária de R$ 1 mil. O governo ainda não anunciou se vai recorrer da sentença. Além da prefeitura, os atuais donos do imóvel também são réus na ação movida pelo Ministério Público.
No ano passado, dois meses antes das eleições, o prefeito Marquinho Mendes ordenou a invasão da casa por agentes da Saúde Coletiva, alegando perigo à saúde pública (o local, que ainda está abandonado, continua servindo de criadouro insetos). Após a limpeza, Marquinho anunciou que aceitaria a proposta de fazer, alí, o Museu da Imagem Wolney Teixera, como disse à época. Vitorioso nas urnas, nunca mais falou no assunto.
Há duas semanas, o coordenador de Cultura da prefeitura cabofriense, Guilherme Guaral, se encontrou com o filho de Wolney, o também fotógrafo Warley Sobroza de Souza. Eles negociaram a aquisição de todo o acervo - com mais de dez mil fotos - por parte do poder público. Mas ambos se disseram céticos quanto à preservação da residência, que já foi vendida por Warley a um empresário interessado em abrir mais um ponto comercial no centro da cidade.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Cineclube Mate com Angu

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SESSÃO CHOQUE DE DESORDEM

É incrível como muitas vezes a gente vai aceitando passivamente os discursos ventilados nos grandes meios de comunicação, difundidos como quem não quer nada e que de uma hora pra outra, pronto, viram ações legitimadas pela chamada opinião pública.
O mais recente desses discursos é o tal choque de ordem, propalado aos quatro ventos como a solução para todos os problemas e elevado a novo mantra dos tecnocratas de plantão, aqueles mesmos que mais atrapalham do que ajudam.
Parece papo de perseguição, conspiração e coisa e tal – e talvez seja mesmo!O fato é que o Estado do Rio vive um momento de adesão à tal política de choque de ordem, mesmo quando ninguém entenda exatamente de que ordem está sendo falada.
O Mate Com Angu vai falar disso, metendo o dedo de com força nessa discussão. Primeiramente esse discurso em voga não é exatamente novo na história política do país. Foi com o discurso de choque de ordem, de civilização, de acabar com a bagunça e nomes afins que o país entrou em grandes roubadas ao longo de sua história. Haja vista o bota-abaixo do Pereira Passos, as pregações de Carlos Lacerda, a vassoura de Jânio Quadros, o golpe de 64, entre outros, que parecem revelar sempre a mesma pedra no sapato dos encastelados no poder: o que fazer com o povo, com aquela gente miscigenada e amontoada nos morros e palafitas das cidades?
Acredite: esse discurso saneador, de assepsia, de limpeza, representa um dos mais perigosos discursos em tempos conturbados como o nosso. Justamente porque ele legitima práticas totalmente condenáveis de exceção, perseguição, rotulação, criminalização.
Seja na cidade do Rio, em Duque de Caxias, em Macaé etc, o discurso do choque de ordem bota abaixo sem discussão a história, a cultura, a vida das pessoas, antes que se possa argumentar com a lógica, com o bom senso. Exatamente o que fazia a ideologia do nazi-fascismo. Parece exagero, mas esse discurso – e sua prática sumária – é uma prima de primeiro grau dos linchamentos de mendigos, da queima de índios nos pontos de ônibus, das surras em prostitutas na madrugada. Tudo em nome da “ordem”, da “limpeza” das ruas, do “ordenamento”, da “organização”, da assepsia, do “bom visual”.
Por muito menos a sociedade já viu abusos desumanos decorridos disso. A ditadura militar, por exemplo, fez esse quadro recrudescer de maneira dramática: enquanto a classe média curtia o consumo nas ondas do milagre econômico as cidades aprofundavam uma fenda que hoje chega às raias do inconciliável... Só um gênio como Bezerra da Silva pra testemunhar e relatar a vida da população por volta de 70 e 80...
Quando Nelson Pereira dos Santos filmou Rio 40 Graus, em 55, descortinou-se um Rio de Janeiro que melava o culto cartão-postal do Redentor, da Princesinha do Mar, do Pão de Açúcar, do Cassino da Urca, dos famosos bailes onde as pessoas curtiam felizes as delícias proporcionadas pela geografia generosa da Cidade Maravilhosa... Hoje aquele Rio mostrado pela primeira vez na tela tomou conta e parece muito maior e mais “perigoso”. Receita: criar mecanismos para criminalizar o povo. Limpar as ruas. Ordenar a Zona Sul do Rio. Choque de Ordem neles.
Porque afinal de contas, essa política também é extremamente covarde: primeiro baixamos o cacete nos informais, nos malditos camelôs, nos biscateiros ilegais que atravancam o progresso do país... Depois, se der tempo, podemos desconcentrar a renda, fazer reforma agrária, prender os corruptos e fazê-los devolver o dinheiro, essas coisas. Depois. Agora não. O valente só é valente em relação ao mais fraco. Qualé, choque?...
E pior do que a ideologia posta em prática é o silêncio das camadas que poderiam protestar, intervir, fazer barulho. Não falamos nem do silêncio e da conivência da grande imprensa porque esta já está caindo até no ridículo, como é o caso da revista Veja, por exemplo. É muito perigoso que esse discurso vá contaminando a sociedade e ninguém revide.
O velho Heráclito de Éfeso, há 2.500 anos atrás já dizia: a harmonia oculta é superior à aparente. Sábio, profundo isso. E agora é o momento de ousar novas ordens, aprender com a criatividade. O Brasil é de fato o criador da Nova Ordem Mundial, filha da Cultura, do Improviso, da Convivência, da Música como ordenação. É preciso um novo sentido para ORDEM. MEDRO. MDORE. EDROM. DORME.
Enquanto os políticos que estão aí oscilam ou entre o banditismo explícito saqueador dos cofres públicos ou o salto alto da geração Barra da Tijuca, estamos lascados. Mas somos uma minoria barulhenta e não estamos sós.
Sem o velho vício de falar em nome do povo, o Mate Com Agu propõe hoje uma reflexão sobre que modelo de cidade queremos. Algumas coisas já sabemos: com distribuição de renda e com mais imaginação. Mais arte e mais comida no prato. Mais cidadania e mais sexo. Mais respeito e mais diversão. A ordem é a desordem de ser humano.

Resumindo:
1) choque de ordem é o caralho!
2) E QUEM DÁ CHOQUE NO ESTADO?

Abraços chocantes,
Cineclube Mate Com Angu
7 anos desafinando o coro dos contentes

quinta-feira, 26 de março de 2009

Wolney na HISTÓRIA

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Retratos em família

Acervo de mais de 10 mil imagens de Wolney Teixeira de Souza, o
“fotógrafo de Cabo Frio”, permanece na casa de seu filho

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Por Juliana Barreto Farias

“O homem é um produto do meio em que vive”, diz o fotógrafo Warley Sobroza de Souza. Motivos para acreditar nisso não lhe faltam. Filho e neto de fotógrafos, ele herdou a paixão familiar pelas imagens instantâneas. Nas últimas décadas, tornou-se guardião do rico acervo paterno, o Arquivo Fotográfico Wolney Teixeira de Souza, com mais de 10 mil fotografias de lugares e personagens de Cabo Frio, cidade turística do litoral do Rio de Janeiro, registradas entre as décadas de 1930 e 1980.
“A cidade do arquivo do meu pai já não existe mais. Mas ele tinha consciência de que suas imagens iriam permanecer. Dizia: ‘Isso aí vai ser seu futuro. Vai fazer parte da memória de Cabo Frio’. Talvez por isso nunca tenha jogado fora a chapa de vidro e o ampliador, próprios para a reprodução de seus negativos”, conta Warley. Seu pai tinha razão. Percorrendo a cidade, é possível encontrar cópias de suas fotos penduradas nas paredes de restaurantes, escritórios e repartições públicas. Também não é difícil achar moradores que tenham registros de batizado, primeira comunhão ou casamento feitos pelo “fotógrafo de Cabo Frio”.
Sem qualquer tipo de apoio financeiro, ele mantém as fotografias organizadas num cômodo nos fundos de sua casa. As imagens retratam antigas salinas da região, praias quase desertas, pescadores e outros trabalhadores do mar, festas religiosas, eventos políticos e a intimidade de muitos cabo-frienses. “São fotografias que transportam para os nossos dias o local bucólico e interiorano que um dia foi Cabo Frio. Em pouco mais de vinte anos, o lugarejo da Região dos Lagos se tornou um dos grandes centros turísticos do estado do Rio, e grande parte de seu patrimônio paisagístico e cultural desapareceu com a expansão urbana e a especulação imobiliária”, assinala Rodrigo Sarmiento da Silva, professor de História na cidade, que prepara projeto de mestrado sobre o acervo.
A fotografia entrou na vida da família pelas mãos e olhos do pai de Wolney, Antonio Motta de Souza. Filho de fazendeiro da região de São Pedro da Aldeia, Antonio, mais conhecido como Zinho Pereira, preferia caçar e pescar a cuidar dos negócios familiares. Para tentar mudar os rumos de sua vida, parentes arranjaram-lhe um emprego em uma ferrovia mineira. Em pouco tempo, passou de peão a carregador dos pesados equipamentos do profissional que fotografava as obras. Nascia ali a paixão pelas imagens. Zinho Pereira decidiu se aperfeiçoar no novo ofício, foi estudar na capital carioca e teve a sorte de ganhar, como mestre, Augusto Malta (1864-1957) – que como fotógrafo da Prefeitura Pereira Passos foi o responsável pelos únicos registros das radicais transformações por que passou o Rio naquele início de século XX.
Não demorou para que Wolney, filho mais velho de Zinho Pereira, acompanhasse os passos paternos. No início, usava o equipamento dele, uma máquina enorme, de madeira, muito parecida com as câmeras de lambe-lambe. Mas na década de 1930 adquiriu outras mais modernas, como uma speed-graphic americana, a única de toda a Região dos Lagos. Como um verdadeiro “fotógrafo-arquivista”, preocupava-se em preservar os registros de outros profissionais que passaram pela cidade. Na década de 1960, resgatou uma série de fotografias do próprio Malta feitas em 1915, durante as comemorações pelos 300 anos de Cabo Frio. Elas estavam prestes a ser jogadas no lixo junto com os entulhos de uma empresa falida. Sabendo da importância que essas imagens tinham para a história local, manteve sempre o cuidado de catalogar e dar um tratamento minimamente adequado a todos os registros que acumulou ao longo de mais de cinqüenta anos.
Hoje seu acervo permanece organizado praticamente como ele deixou. Quando faleceu, em 1983, seu filho Warley criou um arquivo com toda a coleção. “Apenas” 1.500 negativos estão catalogados. O restante fica guardado em caixas de sapato. Um verdadeiro risco para uma documentação que precisa de cuidados tão especiais. Para conservar coleções desse tipo, é necessário criar barreiras para a entrada de luz ou poeira e ainda evitar oscilações de temperatura e umidade. Não é à toa que o fotógrafo Warley, já com 70 anos e sem filhos, se preocupa com o destino de todo esse material. “O arquivo só vai sair da minha casa se ficar em Cabo Frio, nas mãos do poder municipal, pois foi para isso que meu pai trabalhou: para a memória da cidade.”
Mas até agora os administradores de Cabo Frio não se deram conta da importância do acervo. Coordenador de Cultura do município, o historiador Guilherme Guaral diz concordar que as fotografias de Wolney Teixeira merecem atenção, mas pondera que antes é preciso “estreitar os laços com os familiares do artista para criarmos um projeto que dê visibilidade a esse importante conjunto de documentos”.
Enquanto a parceria mais uma vez não avança, Warley prossegue descobrindo novas imagens – a última foi uma bela panorâmica feita por Malta no alto do Morro da Guia, em Cabo Frio – e recebendo, com visível orgulho, pesquisadores e moradores interessados nas histórias de sua família e de sua cidade.
*Texto publicado na revista HISTÓRIA da Biblioteca Nacional em março de 2009 e extraído do site http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=2261

Programas sociais

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Entre as mudanças ideológicas causadas pela troca do PSDB pelo PT no comando da nação, a maior delas, sem dúvidas, está na condução dos programas sociais. Como aposta no estado mínimo e no livre-mercado para a geração de riquezas, os tucanos agiam de forma mais tímida no que diz respeito à transferência de renda para os mais pobres. O governo Lula, ao contrário, defende que a máquina pública deve sustentar diretamente aqueles que não têm condições mínimas de sobrevivência. O maior símbolo dessa mudança foi a criação do Bolsa Família (unindo três programas sociais do governo Fernando Henrique), além de uma enorme expansão do benefício. Hoje, nada menos que 11,1 milhões de famílias estão cadastradas no maior programa de transferência de renda do mundo. Um gasto (ou investimento, como preferem alguns) de R$ 900 milhões por mês.
Atribui-se ao Bolsa Família, em grande parte, a altíssima popularidade do presidente Lula e de seu governo, mesmo em tempos de crise financeira ou no ápice das investigações do escândalo do Mensalão (alguém aí se lembra que isso existiu?). E se a receita está dando certo, nada mais natural do que ver o novo modelo sendo copiado por políticos de todo o Brasil. Governantes das mais diversas siglas partidárias copiam e inventam novas formas de se aproximar das classes mais pobres.
Em nossa região, por exemplo, o maior programa social em atividade (a nível municipal) não está sendo elaborado por nenhuma Secretaria de Ação Social. Parte da Secretaria de Transportes de Cabo Frio a concessão do Cartão Cidadão, que permite ao usuário pagar menos da metade de uma tarifa normal para andar nas linhas municipais do transporte coletivo.
“Transformamos a passagem mais cara do Brasil na passagem mais barata”, disse, orgulhoso, o prefeito Marquinho Mendes (PSDB) durante a última visita do presidente Lula a Cabo Frio, neste mês.
O programa Transporte Cidadão, que elabora o tal cartão, atende, atualmente, 63.354 moradores de Cabo Frio. Outros 15 mil cartões já estão elaborados à espera de seus donos. Quem tem o benefício paga R$ 1 em qualquer passagem nas linhas municipais, enquanto a tarifa normal é de R$ 2,20 (de uma cidade para outra, mesmo em distâncias pequenas, paga-se absurdos R$ 3,15). A prefeitura quita a diferença com a Salineira, única empresa de transportes que atua na cidade. Segundo o secretário de Transportes de Cabo Frio, Mauro Branco, o município paga uma média de R$ 160 mil por semana à Salineira, um total de R$ 640 mil por mês.
“É importante enfatizar que a prefeitura paga semanalmente e está em dia com a empresa. Se não efetuássemos o pagamento, o benefício estaria interrompido”, explicou Branco, refutando boatos de que o pagamento à Salineira estaria atrasado.
Apesar do rombo ao cofre municipal, o benefício, sem dúvidas, recai diretamente sobre a população que mais precisa. Por outro lado, ele infla também o caixa da empresa de transportes que, segundo Marquinho, pratica a passagem mais cara do país (afinal, o preço da passagem não mudou, apenas o consumidor de Cabo Frio que tem o cartão é beneficiado).
Em meio a uma enorme crise financeira internacional, o presidente Lula sacramentou: “é hora de investir”. O recado foi claro. Mexe-se em tudo, menos nos benefícios. A lição está sendo seguida a risca pelos prefeitos, que já cortaram empregos e gastos da máquina pública, mas ninguém, até agora, diminuiu o tamanho dos programas sociais. Essa é aposta dos governantes de passar pelo período de turbulência sem ficar de mal com a população.
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Texto publicado no jornal Folha dos Lagos em 26/03

quarta-feira, 25 de março de 2009

Refém das sombras

Inspirado no artigo abaixo de Lucas Müller, o artista plástico Flávio Pettinichi mandou esta imagem que, como ele disse, tem tudo a ver com o texto. A fotografia, cujo título é "Refém das sombras", foi feita em uma câmera digital Fujifilm de 5.1 megapixels.

terça-feira, 24 de março de 2009

Artigo

No limite do jornalismo cabofriense
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Por Lucas Müller

“Há momentos em que silenciar é mentir” (Unamuno). Certas frases traduzem exatamente o que sentimos. Me sinto um mentiroso.
Há cerca de três anos e meio, por ideário coloquei em minha mente que gostaria duma profissão que mudasse as coisas ao meu redor, escolhi jornalismo. Cresci imensamente como homem, e agradeço a Deus por isso, mas confesso que não vejo mais o além da minha profissão em minha cidade – Cabo Frio. Cheguei no que chamo ser a “linha limite”.
Em todo esse tempo, acho que não existiu uma única semana em que eu não conhecesse uma pessoa diferente – ou melhor, conhecer não, pois leva tempo, mas observar e tentar senti-la. Viver nas ruas por trabalho é magnífico, a experiência adquirida jamais morre. Quando você é muito curioso, a realidade, ou fragmentos dela, se torna mais latente. Com a observação da realidade e vivência nela, a verdade mostra-se, mas até onde você seria capaz de suportá-la?
Ver com seus próprios olhos ou ouvir de testemunhas – algumas mentirosas, outras duvidosas e poucas verdadeiras – a nossa doença, o nosso cancro cabofriense: prostituição infantil no segundo distrito, seres humanos se alimentando em nosso lixo, corrupção policial pelo tráfico de drogas, fantasmas públicos - alguns inclusive da mídia, alguns parasitas públicos que fingem que trabalham ou estão tão iludidos e se entregaram ao passar dos dias. Afinal para onde correr se nossa cidade não gera emprego? E nosso turismo é ridículo, amador em todos os sentidos.
Na educação, ver uma subvenção de Carnaval que é o mesmo preço da construção duma faculdade pública, mas ver todos preferirem as migalhas das bolsas de estudo, ou os diplomas mais fáceis das privadas. Nosso imediatismo de “sucesso” é a nossa decadência.
Ver o funk, alcoolismo e drogas (licitas e ilícitas) que destroem nossas crianças e jovens, a mídia de massa nos tornando carneiros consumistas, o judiciário vendido, a eterna litania infindável por todos os cantos. Ver médicos e professores, com admiração e ao mesmo tempo com repúdio, daqueles que são heróis anônimos aos assassinos do futuro, lado a lado.
Levei um longo tempo para enxergar – talvez por ser sonhador demais, sempre me disseram isso – que nossa mídia não existe. O que é uma lei – prescritível – é que a mídia jamais se volta contra os seus patrocinadores. Mas se o patrocinador é justamente o poder público, então para que mídia?
Basta observar agora, com a queda brusca dos royalties do petróleo em nossa Prefeitura (cerca de 50% em cinco meses - de R$ 12 milhões em outubro a R$ 5,8 milhões em fevereiro) diversos jornais não circulam por não ter o sagrado patrocínio público, os canais televisivos e radialistas em crise, alguns a fechar se a torneira pública não for aberta em alguns meses.
E, por fim, a nossa escolha, o nosso dever, a nossa diretriz – a nossa política. Em grande parte das cidades do país, verbas desviadas, compra de votos, enriquecimento ilícito, superfaturamento de obras, assistencialismo como garimpo de votos, os chamados “conchavos políticos”, que mais se assemelham a correntes, em uma democracia essa é a sua ditadura – não poder se livrar das pragas que o levaram ao topo.
Ás vezes também me pergunto para que existem Câmaras dos vereadores no Brasil? Gostaria realmente de conhecer alguma em alguma cidade do país em que ela não fosse uma gueixa da Prefeitura ou de um político que a deseja.
Como caçar demônios que são amados e eleitos pelo povo? Ou seja, por nós. Sinto-me diariamente culpado por tudo o que acontece. Nunca poder provar – ou noticiar - porque as testemunhas são passivas (a alimentação de suas famílias conta mais alto) e minha profissão nessa cidade não me permite isso. E mesmo se conseguir só, nu, provar para quem? Para polícia? Para justiça? Para nós?
Meu silêncio me sufoca, a indignação me faz tremer de ódio. Outro dia desses vi um filme chamado Paradise Now, e vi minha cidade, e me vi num personagem. Tirando a estética, não vejo muita diferença em viver na Palestina e viver em Cabo Frio. Hoje vivemos de inimigos invisíveis e confesso que prefiro morrer na Palestina.Pretendo um dia chegar ao topo dos topos e chegarei. Vejo que como se fala e se acha - não se muda nada de baixo - apenas de cima. Posso modificar alguma coisa por um curto tempo, mas não mudar. A mudança deve vir pela mente e não pela carne do sistema. Deve-se vir do alto poder, não do baixo. Algumas pessoas podem me perguntar por que ainda continuo escrevendo? Em Cabo Frio, apenas por dois motivos: o resgate da cultura antes-televisão e divulgação e procura de talentos locais, e fora daqui, porque aviva o meu caos.
* Texto publicado no Jornal de Sábado em 21/03
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sábado, 21 de março de 2009

Há dois anos

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Baggio Digital relembra, neste sábado,
homenagem feita à ativista Amena Mayall
pela Folha dos Lagos em 10 de março de 2007.
Vale também o registro da chamada de capa, que
vem logo a seguir.
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O papel da imprensa não se resume em contar a história do nosso tempo. Não. É dever dela, muito especificamente, preservar valores, resgatar tradições, costumes e valores humanos que por aqui passaram e que deixaram extraordinárias contribuições. Mais do que nunca em seus 17 anos, a Folha, a partir de agora, envereda por enobrecer ainda mais a sua missão. E a primeira matéria de uma série que vem por ai não poderia ter outro titulo:



Amena Saudades Mayall

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Tomás Baggio

Quando chegou à Região dos Lagos em 1975, à procura qualidade de vida para a família, a carioca Amena Mayall talvez não pudesse imaginar o que, mais tarde, iria simbolizar sua rápida passagem por aqui. Quase 21 anos após o trágico acidente que lhe tirou a vida, Amena é uma unanimidade entre os que conhecem a história da mulher que despertou, na região, a importância da cultura local e do meio ambiente. Militante, ativista, professora e mãe, Amena foi especial. Quando morreu, levada pelas águas da Praia Brava, em Cabo Frio, tornou-se um mito. E quem a conheceu tem por ela o maior sentimento de brasilidade: a saudade.
Foi a primeira pessoa com a proposta de fazer um levantamento da rica cultura popular das cidades da Região dos Lagos. Segundo a professora e amiga Anita Mureb, isso chamou a atenção dos que viviam aqui.
- Ela e Márcio Werneck foram os responsáveis por uma mudança na mentalidade das pessoas da nossa região. Eles vieram do Rio com muita bagagem. Logo formamos um grupo de seguidores - conta Anita.
Assim que chegou, Amena juntou-se a Werneck com ideais parecidos. Ele era secretário de Turismo no primeiro governo de José Bonifácio, e a chamou para chefiar o serviço de Atividades Culturais da secretaria. Foi nesse período, em fins da década de 70, que ela idealizou e criou o Centro Cultural Manoel Camargo, em Arraial do Cabo (na época a cidade pertencia a Cabo Frio). O centro tornou-se a segunda casa de cada uma das pessoas daquele grupo. Lá, realizavam projetos culturais, como o Festival Marearte, e folclóricos, como a Folia de Reis, além de colecionarem peças artesanais que, hoje, fazem parte do acervo definitivo do Centro Cultural, na sala que tem o nome de Arnena Mayall.
A mulher que se apaixonou pelos contos e causos populares da nossa região foi, na verdade, uma agitadora cultural, descobrindo e catalogando artistas pela região, e deu grande contribuição ao incentivar o trabalho das rendeiras de Arraial e Cabo Frio. Após anos de pesquisas, escreveu contos típicos. O único publicado se chama "Itaca", e mostra a conversa de uma avó rendeira com sua neta em Arraial do Cabo.
A luta politica
Os seguidores estiveram com Amena até o fim. Não apenas nas atividades culturais, onde se divertiam sem saber, ao certo, a importância do que estavam fazendo. Mas também nas atividades políticas. Este grupo comandou a Associação de Meio Ambiente da Região da Lagoa de Araruama (Amarla), e liderou a criação do Parque das Dunas, em Cabo Frio, onde, na época, um grupo de empresários tentava construir um empreendimento imobiliário.
Conseguiu, através de ação popular, o embargo da Avenida Litorânea, que ligaria a Praia do Forte, em Cabo Frio, até a entrada de Arraial do Cabo, beirando a orla e destruindo parte da vegetação. O engajamento de Amena confundia-se com a própria personalidade.
O ativismo já fazia parte da vida dela muitos anos antes de chegar à Região dos Lagos, na luta contra a ditadura militar, que a prendeu e a torturou, no Rio de Janeiro. Em 20 de março de 1972, foi levada à cadeia acusada de reorganizar o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR).
"Fui levada por vários homens armados com metralhadoras, que me conduziam encapuzada (...) Sofri maus tratos na dependência policial", disse ela, em depoimento no dia 5 de outubro do mesmo ano, quando teve a prisão relaxada pelo juiz da 3ª. auditoria do Exército.
A luta política, que continuou na Região dos Lagos através da defesa do meio ambiente, deu envergadura política à líder. Em 1982, Amena Mayall candidatou-se a prefeita de Cabo Frio pelo Partido dos Trabalhadores (PT), com o lema "progresso sem poluição". Ela teve 467 votos e ficou em nono lugar. Nesta eleição, Alair Corrêa tornou-se prefeito de Cabo Frio pela primeira vez.
A história
Amena Mayall nasceu em 21 de setembro de 1943, nas Laranjeiras, Rio de Janeiro. Formou-se em Comunicações e Filosofia na Universidade Santa Úrsula, e lecionou Filosofia na Fundação Educacional da Região dos Lagos (Ferlagos). Sua vida foi interrompida drasticamente aos 43 anos, enquanto passeava pela Praia Brava, em Cabo Frio. Foi arrastada pelas ondas do mar e se afogou. O acidente do dia 5 de abril de 1986 trouxe comoção e tristeza para toda a região. Ela deixou cinco filhos; Pedro, hoje com 41 anos; Paulo, com 39 anos, Moana, 31; Daniel, 30 e Mateus, de 28. Amena deixou ainda, entre nós, o exemplo de uma vida voltada para as lutas políticas, ambientais e artísticas. E esse exemplo não deve ser esquecido.
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Depoimentos:

Ela tinha uma cabeça diferente. Essas coisas que as pessoas pensam hoje, sobre ecologia, ela já pensava na época – Otime Cardoso dos Santos (Timinho) – ex-prefeito de Cabo Frio.
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Amena despertou a Região dos Lagos para as questões do meio ambiente e da cultura popular. Foi uma pessoa especial, com uma história interessante e muita sensibilidade no coração. A saudade de Amena é muito forte – Anita Mureb: professora e amiga.
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Minha mãe estava atenta a questões como a cultura local e o meio ambiente, já (na época) afetados pela globalização econômica e cultural e pela acelerada urbanização das cidades pequenas. Exerceu uma espécie de mecenato, pois utilizava de seus próprios recursos para financiar a produção de cada artista – Moana Mayall: filha.
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Eu e Márcio admirávamos muito o trabalho de Amena Mayall. A participação dela na cultura cabofriense é muito grande – Penha Werneck; viúva do historiador Márcio Werneck, ex-secretário de Turismo de Cabo Frio.
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Foi a mais importante contribuição que a nossa região já recebeu na área cultural. Ela ajudou a atividade artesanal, que antes era isolada, a se transformar numa área valorizada por todos – José Bonifácio; ex-prefeito de Cabo Frio.
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Uma lutadora cultural. Ela transformou os artesãos em personalidades artísticas – Antônio Carlos Trindade; secretário de Desenvolvimento, Indústria e Comércio de Cabo Frio.

* Dados como idade e cargo dos entrevistados referem-se à época da publicação.
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sexta-feira, 20 de março de 2009

Semana Teixeira e Souza

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Foto: Mariana Ricci

Cabo Frio voltou ao século 19 na tarde desta sexta-feira. A bordo de uma charrete e vestido com as roupas da época, o apresentador Vinícius Canisso representou a chegada do escritor cabofriense Antônio Gonçalves Teixeira e Souza ao centro da cidade. Ele e a esposa, Giulia Coelho Edler - que representou a mulher do escritor - percorram toda a Avenida Teixeira e Souza com direito a uma chegada triunfal na Praça Porto Rocha, onde subiram no coreto acompanhados do prefeito Marquinho Mendes, da vice, Delma Jardim, e do coordenador de Cultura, Guilherme Guaral. E assim foi aberta a 19ª edição da Semana Teixeira e Souza.
Filho de um português e uma negra, Teixeira e Souza é o autor do primeiro romance publicado no Brasil, "O Filho do Pescador", de 1843. O escritor nasceu em Cabo Frio em 1812 e morreu no Rio de Janeiro em 1861. Teve como mestre o cirurgião Inácio Cardoso da Silva, professor em Cabo Frio e também poeta, cujos versos Teixeira e Sousa mais tarde reuniu e publicou. Além de "O Filho do Pescador", Teixeira e Souza escreveu mais 13 obras, duas delas ainda inéditas.
A Semana Teixeira e Souza tem programação no Charitas e nas escolas municipais. A Coordenadoria de Cultura também definiu 2009 como Ano Teixeira e Souza.
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Froilam agora nos blocos

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Há uma discussão no mundo do samba cabofriense que ainda vai dar o que falar. Após o secretário de Turismo e Cultura, Gustavo Beranger, ter dito que pretende acabar com a subvenção de R$ 8,5 mil para os quase 30 blocos de arrastão (ele generalizou e disse que os blocos "estão se tornando um grande comércio"), surge o boato de que o presidente da Cabo Frio Tur, Froilam Moraes (dono do Cabofolia), pretende criar um circuito para os blocos no carnaval do ano que vem. A ideia não agradou grande parte dos dirigentes de blocos. Um deles afirmou que o circuito seria "em um lugar inóspito e distante da civilização". Na manhã desta sexta, um debate sobre o assunto esquentou o programa Amaury Valério (rádio e TV). O apresentador defendeu o governo.
Vale lembrar que no carnaval do ano passado Froilam botou na Praia do Forte um show com Carla Visi (ex-Cheio de Amor), no mesmo dia e horário do Bloco das Damas.
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Na justiça

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Uma vergonha o que aconteceu nesta quinta durante a eleição do novo presidente da Acia. Após ser identificada a dupla votação de uma mesma empresa (uma mulher foi votar pela manhã e um homem pela tarde), a Comissão Eleitoral alegou falta de fiscalização e suspendeu o processo. Os dois votos teriam sido para a Chapa 3, encabeçada por José Martins (Restaurante do Zé), uma vez que os diretores de tal empresa haviam declarado apoio a ele. Mesmo assim, todos os outros candidatos queriam dar continuidade à votação, mas José Martins alegou falta de lisura e pediu para que a votação fosse suspensa. A Comissão Eleitoral acompanhou sua indicação, contrariando a vontade dos outros três candidatos.
As urnas estão lacradas na sede da Acia à espera de uma decisão judicial. A frase que melhor define o imbróglio, sem dúvidas, é a do candidato Eduardo Rosa de Andrade , o Dado (Madeireira Ita), publicada hoje na Folha dos Lagos: "Estou envergonhado e indignado".
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quinta-feira, 19 de março de 2009

Petróleo e demissões

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A crise dos royalties do petróleo acelera a necessidade de discussão sobre o futuro econômico da Região dos Lagos. O dinheiro proveniente das perfurações de poços de petróleo nos nossos mares, que deveria servir como uma compensação ao meio ambiente e, no início, mostrava-se como uma grande oportunidade de melhora na infraestrutura das nossas cidades, acabou se tornando um vício e trouxe enormes problemas para as administrações públicas municipais.
Utilizando essa verba para contratar funcionários, nossos governantes reafirmaram a condição das prefeituras de cabide de empregos e comprometeram para o futuro um dinheiro que não estava certo de chegar. Com a crise econômica mundial, que derrubou o preço do barril de 150 dólares para 40 dólares (ontem, a cotação girava em torno de 47 dólares), a verba caiu vertiginosamente e, com isso, a máquina pública terá que ser esvaziada. E demissões, como se sabe, causam enorme desgaste político.
Entre as duas cidades da região que mais recebem o dinheiro dos royalties – Armação dos Búzios e Cabo Frio – a segunda certamente fica em situação mais complicada. Em Búzios, o ex-prefeito Toninho Branco (PMDB) inchou a máquina, mas, com grande rejeição popular, tomou uma lavada de Mirinho Braga (PDT), que já chegou anunciando austeridade e enxugamento do quadro de funcionários. Como já havia dito o mesmo durante a campanha, seu desgaste é mínimo ao realizar as demissões já previstas. Em Cabo Frio, no entanto, com a reeleição do prefeito Marquinho Mendes (PSDB), quem está fora quer entrar e quem está dentro não quer sair de jeito nenhum, uma vez que todos atuaram firme na campanha com promessas de empregos e benefícios. E como não será possível escapar do desgaste político, o mais inteligente seria deixá-lo vir agora, período distante de qualquer pleito eleitoral. O adiamento das demissões mantém as contas desequilibradas e prejudica o pagamento aos fornecedores da prefeitura, provocando uma reação em cadeia que afeta a circulação de dinheiro em toda a cidade.
Com a crise econômica mundial sendo amenizada, talvez o dinheiro do petróleo volte com força aos cofres das prefeituras nos próximos anos. Mas o atual momento deve servir como alerta e nos fazer abrir os olhos. Devemos pensar no futuro, planejar a economia sem contar com essa indenização temporária e discutir uma política séria e conjunta de geração de emprego e renda. Além do turismo, que depende invariavelmente da preservação do meio ambiente, o Porto do Forno, em Arraial do Cabo, e o Aeroporto Internacional de Cabo Frio despontam como as principais alavancas do desenvolvimento regional. Sem esquecer de outro pilar importante, a construção de uma universidade pública regional, que deveria servir não apenas para profissionalizar a mão de obra, mas, principalmente, para fomentar o pensamento crítico dos universitários e a realizar as pesquisas científicas que nossa posição geográfica tanto favorecem. As discussões, por enquanto, são rasas, pois o dinheiro do petróleo faz tudo parecer muito fácil de ser resolvido. Mas elas precisam se aprofundar para que a região continue a crescer na próxima década.
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Texto publicado no jornal Folha dos Lagos em 19/03
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Acia

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Está quente como nunca o processo de escolha do próximo presidente da Associação Comercial, Industrial e Turística de Cabo Frio (Acia). A votação, que acontece nesta quinta-feira até as 18h, mudou o clima do centro da cidade com faixas, bandeiras, camisas e distribuição de panfletos. Quatro candidatos estão na disputa: Ricardo Guadagnin (Chapa 1), Carlos Alberto Cardozo (Chapa 2), José Martins (Chapa 3) e Eduardo Rosa, o Dado (Chapa 4), mas observadores indicam uma polarização entre Dado, da Madeireira Ita, e José Martins, do Restaurante do Zé. A conferir. De todas as candidaturas, a mais bem aparelhada, sem dúvidas, é a de José Martins. Contando com o apoio maciço do grupo político de Alair Corrêa, a Chapa 3 encheu a cidade de material publicitário fez o maior quantidade de publicações na imprensa. Sem falar na conhecida disposição dos militantes de Alair, que sabem muito bem o que fazer para convencer um eleitor.
Se a Chapa 3 triunfar, o vencedor terá sido Alair. Com Zé na presidência da Acia, o prefeito Marquinho Mendes, que já não está em boa situação, ficará encurralado.
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Apareceu

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O ex-prefeito de Búzios, Toninho Branco, que na parte final de seu mandato já havia se mudado para Cabo Frio (parece que ele não estava gostando da administração buziana), finalmente apareceu após um longo período de reclusão. Foi visto nesta quinta-feira, na hora do almoço, fazendo uma social no comitê de campanha à presidência da Acia do candidato José Martins (Restaurante do Zé). Batia um descontraído papo com Walmir Porto e Dirlei Pereira, entre outras figuras.
Agora só falta Alair aparecer também.
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quarta-feira, 18 de março de 2009

Fotopoesia

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Clique na imagem

Bote e Distância - Obra de arte de Flávio Pettinichi

segunda-feira, 16 de março de 2009

Esqueceu de Arraial?

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Estranho que, em sua visita à Região dos Lagos na última sexta-feira, o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, não tenha se encontrado com o prefeito de Arraial do Cabo, Andinho. Beltrame esteve com os prefeitos de Cabo Frio, Marquinho Mendes, e de Búzios, Mirinho Braga.
Por incrível que pareça, Arraial, que de acordo com o IBGE tem 40 mil habitantes, não tem uma delegacia, apenas um posto policial. As ocorrências são registradas na 126ª DP (Cabo Frio). Nesta segunda, a prefeitura cabista divulgou um texto garantindo que, entre os R$ 25 milhões que serão liberados pelo Programa de Aceleração do Crescimemto (PAC), está prevista a construção da Delegacia Legal, cujo esqueleto está na entrada da cidade há mais de quatro anos. Detalhe: a Delegacia Legal cabista constava na lista das 10 mil obras que teriam sido realizadas pelo casal Garotinho em oito anos de administração.
- Para este ano está previsto a construção da Delegacia Legal, que será uma das obras mais importante do município e, para 2010, a construção da orla da Praia Grande, com calçadão, quiosques e área de lazer - disse o vice-prefeito e secretário de Obras, Reginaldo Mendes Leite.
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domingo, 15 de março de 2009

Extra, extra!

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O coordenador de Cultura da prefeitura de Cabo Frio, Guilherme Guaral, anuncia que o governo está disposto a realizar o tão sonhado Fórum de Cultura da cidade este ano. A iniciativa seria uma recomendação do Ministério da Cultura a todos os municípios brasileiros. A data ainda não foi definida.
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sexta-feira, 13 de março de 2009

SANA

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A imagem do fim de semana vem de Sana. Afinal, é pra lá que eu fui.

Até segunda!
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Prefeitura mostra interesse no acervo de Wolney

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Coordenador de Cultura, Guilherme Guaral e Warley Sobroza de Souza, filho de Wolney Teixeira e Souza

Disposto a negociar a aquisição do acervo de fotos de Wolney Teixeira e Souza, o coordenador de Cultura da prefeitura de Cabo Frio, Guilherme Guaral, se encontrou esta semana com o filho do fotógrafo e herdeiro do patrimônio, Warley Sobroza de Souza. O acervo tem mais de 10 mil fotos, a maioria em forma de negativo - entre elas algumas do maior retratista do Rio de Janeiro no século XIX, Augusto Malta, que esteve em Cabo Frio em 1915 durante a comemoração dos 300 anos da cidade e registrou imagens do lugar -, além de ampliadores e máquinas usadas por Wolney.
Warley informou que ainda não tem um valor fechado para todo o acervo, mas que fará uma avaliação com especialistas: “Não tenho intenção de passar esse acervo para outra instituição que não seja a Prefeitura de Cabo Frio”, informou ele, lembrando que as fotos possuem temas variados, de eventos sociais às atividades de salina e pesca, aspectos culturais e arquitetônicos, entre outros.
Guilherme Guaral se mostrou empolgado com a conversa, mas ressalta que a negociação ainda está no começo. Ambos, no entanto, se mostram céticos quanto à preservação da antiga casa de Wolney - em que Warley foi criado - mas já vendida pelo filho do fotógrafo. A casa data do século XVIII e é uma das duas últimas construções históricas que resistem no centro da cidade, em plena Rua Érico Coelho.
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Cabo Frio

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Sítios arqueológicos de pelo menos seis mil anos, ocupação européia e "civilizada" há cinco célulos, sétima cidade fundada no Brasil... Cabo Frio tem história e cultura ricos demais para se deixar levar pelo esquecimento. E está sendo deformada pela falta de interesse dos governantes e, principalmente, da sociedade. Aceitar a demolição de uma casa que resiste há mais de duzentos anos e abrigou uma das figuras mais importantes que já passaram por essas terras, o fotógrafo Wolney Teixeira e Souza, não é uma boa opção. Deixar que a Passagem, com seus casarios da época do descobrimento, receba uma pousada bicuda e feia, também não (no caso da pousada, é bom dizer, que o próprietário faça o que bem queira dentro do espaço, mas cabe ao poder público proteger o conjunto histórico-arquitetônico, o que não foi feito).
Não se trata de querer uma cidade bucólica, antiquada e sem vida. Ao contrário, a modernidade deve se aliar ao passado, e não destruí-lo. A cidade precisa ser pulsante, ativa e consciente de sua importância. Onde está o orgulho de ser cabofriense? Onde estão as figuras pensantes, as famílias tradicionais? Será que a política contaminou a todos? Não pode. Os Teixeira e Souza são mais importantes do que os Mendes e os Corrêa.
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LGBT

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A jornalista Renata Cristiane e a fotógrafa Tatiana Grynberg não poderiam estar mais felizes. Fundadoras do grupo Cabo Free e destituídas da entidade em dezembro de 2006 pelo presidente Cláudio Lemos, ambas retornaram aos cargos de vice-presidente e diretora financeira, respectivamente, por força de uma decisão judicial proferida esta semana. Lemos foi acusado de ter fraudado a assembléia que as destituiu. Com a condenação, ficou caracterizado um golpe político para derrubá-las.
Após a saída do Cabo Free, Renata e Tatiana fundaram o Grupo Iguais, que há dois anos divide a organização da Parada do Orgulho LGBT com a primeira entidade. Elas comemoram a decisão judicial que as coloca de volta no Cabo Free, mas explicam que não desejam permanecer nos cargos:
- Nosso objetivo era provar que fomos vítimas de uma trama medíocre e covarde para nos retirar da diretoria, para que o presidente e seus novos diretores pudessem agir de forma irresponsável, coisa que não admitíamos enquanto membros da entidade. A justiça foi feita- comemora Renata.
Tatiana Grynberg, por sua vez, já anunciou a disposição de pedir uma prestação de contas do tempo em que estiveram afastadas.
- Vamos pedir uma auditoria nas contas do Cabo Free para poder nos precaver de má gestão dos recursos. Mexer com dinheiro público é uma coisa muito séria que não pode haver dúvidas, depois disso, pediremos a renúncia – declarou.
O Grupo Cabo Free e parte da diretoria também estão sendo processados por calúnia e difamação. A causa foi ganha pela advogada Camila Mendes, que representa o Grupo Iguais.
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Artigo

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A escolha do “anti-pior”
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Por Lucas Müller

“Nossas intuições mais elevadas devem e hão de soar como loucuras, por vezes mesmo como crimes, quando ilicitamente chegam aos ouvidos daqueles para os quais não foram feitos nem predestinados.” (Nietzsche).
Na vida, iminentemente, somos decididos a fazer escolhas; não há fugas, não há meios termos. Por falta de opções nos vemos frente a frente com escolhas que sabemos no fundo que são ruins – todas elas. Medimos então não a melhor – porque de fato ela não existe – mas a menor pior. A que nos faria menos mal, o veneno que seria mais “agradável”.
Posso dizer isso com absoluta certeza à escolha de governante da cidade onde vivo, Cabo Frio. Enaltecida por suas belezas naturais, ela se encontra a mercê de uma política atroz, maquiada e vazia.
Não houve entre os quatro principais candidatos, um em que você pudesse falar com convicção: “Este é diferente!”. O primeiro para conseguir governar vendeu sua alma; nada no lodo e espera nestes próximos quatro anos limpar o que se contaminou em doze. Mãos sujas de sangue podem ser lavadas, mas o ato é uma sentença perpétua. Se diz evangélico – talvez por grande parte da população ser – mas faz acordos com porcos. Acordos, pois grande parte da mídia e economia da cidade se encontra nas mãos deles, os que ditam a “verdade”.
Outro diz que acredita em Deus, mas para ele, Deus está abaixo dele. Foi o mais corrupto de toda nossa história, enriqueceu - além de si mesmo - seus familiares sem cérebro, que não conseguiriam nem o pior emprego em qualquer empresa séria. É réu-corrupto confesso, e mesmo assim é adorado e exaltado por muitos, em um país mais sério viveria durante décadas atrás das grades, e em outros já estaria a sete palmos.
Acho que aqueles que dizem que “rouba mas faz” mereceriam no mínimo serem esmurrados, pois, dinheiro desviado está acima do valor monetário, implica em vidas que seriam mudadas, transformadas - a tua, a minha, a do teu próximo. Ao invés de verem maletas com dinheiro vejam maletas com recém-nascidos mortos, pois é isso o que significa! Saber que a mesma mão que cumprimenta com dedicação é a mesma que de forma silenciosa mata, que a mesma boca que beija crianças, é a mesma que pronuncia sentenças de morte.
O terceiro, tem um déspota louco dentro de si, se apóia numa profissão como se até juizes não pudessem ser loucos. É, na verdade, apenas mais um camaleão social. E o quarto tem um discurso vazio de moralismo, mas em diversos eventos mais se assemelhava a um corvo nos ombros do primeiro. O trigo se mistura com o joio?
Sem contar, por todos os lados, os bajuladores serviçais. Para eles é mais fácil se prostrarem como animais a caminhar como homens. Bichos que certamente pensam em se apoderar da riqueza conquistada através do suor de muitos.
Entre as propostas de campanha, não houve planos, nem bases, nada arquitetado e pensado, existiram apenas as vagas idéias do que queriam. Quase todos pecaram pelo excesso, buscaram na ilusão uma forma de garimpar votos entre os mais necessitados (desde restaurantes para miseráveis a obras faraônicas; afinal nada como grandes obras para grandes desvios).
Não falaram de propostas mais sérias relacionadas à economia (como implantação de um turismo profissional) ou à educação (como aprimoramento dos professores, e inclusão de filosofia e metafísica nas escolas – tornar os alunos seres mais pensantes e não esta massa consumista que a mídia e a falta de cultura cria).
Em Cabo Frio, por ter menos de 200 mil eleitores (tem cerca de 120 mil), não houve segundo turno, o que torna o voto único e a situação ainda pior. Você passa a ver qual o pior candidato e torcer pelo o “anti-pior”; o que não pode ser o menos pior dos quatro, mas o menos pior dos dois. Em relação a ultima opção (voto nulo), considero uma quimera, pois mesmo que o percentual seja maior que 50% os candidatos não mudam, como se pensa, apenas adia-se a votação por mais 20 a 40 dias. Em hipótese, isso favorece diretamente os que compram votos. Saída? Por enquanto não há.

Lucas Müller é jornalista.
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quinta-feira, 12 de março de 2009

Pra não dizer que não falei das flores

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Esta coluna anda um tanto pessimista com os rumos da política. Talvez por isso, todos os textos publicados neste espaço nas últimas sete quintas-feiras tenham sido críticos, alguns até ácidos. Já que o tema política é obrigatório nesta página dois, dar apenas boas notícias ou tratar de assuntos amenos e descontraídos seria, no mínimo, trair a minha própria consciência.
Na semana passada, por exemplo, o artigo “A energia de Ariston”, falando sobre a ascensão do deputado federal Bernardo Ariston à presidência da Comissão de Minas e Energia da Câmara, citou uma reportagem da revista Época garantindo que a indicação partiu do deputado Eduardo Cunha, suspeito de corrupção nos governos Collor e Garotinho.
Há duas semanas, o tema foi a nomeação de Anderson Macleyves como diretor do Teatro Municipal de Cabo Frio. Ao revelar que ele plagiou um texto e tentou publicar neste mesmo jornal, a coluna fez uma simples pergunta: o que esperar disso?
Outro tema abordado na série de artigos mal-humorados foi a mobilização dos alunos do colégio municipal Rui Barbosa, que mais uma vez deram exemplo de civilidade e bateram de frente com a política educacional do governo municipal. A crítica foi para a inércia dos universitários da cidade, que não se mexem pra nada e mais parecem estudar em colégios de segundo grau com conteúdo de ensino superior. O título? “Aprendendo a lição do Rui”.
Antes, ainda, a coluna falou sobre a lógica de apadrinhamento político praticada na região durante o artigo “Os cargos comissionados”. A cultura cabofriense também foi tema do artigo “Discussão cultural”, que falou sobre o abandono do patrimônio histórico pediu publicamente a realização de um fórum para a classe. No primeiro texto, “Os erros foram maiores”, o tema foi o embate político entre Marquinho Mendes e Alair Corrêa.
Há quem diga quer mexer em tais vespeiros só atrapalha (a vida de quem está mexendo, e não de quem está sendo mexido). Em uma região que grande parte da população depende do poder público, criticar os governantes e dizer o que pensa pode trazer problemas. Por isso mesmo, uma grande parcela dos eleitores vota de cabeça baixa e, pior, atura os problemas sem abrir a boca.
Não se trata de ser este redator um revoltado que só vê coisas ruins. É que a liberdade de expressão precisa ser exercida e os problemas precisam ser apontados, até para que haja a possibilidade de correção. Se já falei de inúmeras falhas da administração de Cabo Frio, por exemplo, é importante ressaltar que o atual governo é altamente tolerante com a imprensa e as críticas que partem da sociedade, valor tão caro à democracia e digno de aplausos. Da mesma forma que podemos criticar figuras inexpressivas e suspeitas, que não deveriam estar manuseando o dinheiro público, podemos e devemos ressaltar a competência e o caráter dos que dignificam o serviço público (não se trata de banda podre e banda santa, apenas de separar o joio do trigo, uma vez que as pessoas são diferentes e agem de forma diferente).
Acima de tudo, é imprescindível dizer que as críticas mencionadas nesta coluna passam longe do aspecto pessoal. Trata-se de uma avaliação dos nossos empregados, aqueles que recebem o dinheiro dos impostos que pagamos para fazer a máquina pública funcionar, criar leis e executar políticas que melhorem a vida da população. Não seria tão fácil fazer tal avaliação tendo algum projeto para ser aprovado pela prefeitura ou interesse em um cargo comissionado. Mas me sinto melhor assim.
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Texto publicado no jornal Folha dos Lagos em 12/03
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Novo site

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O jornalista Lucas Müller, do Jornal de Sábado e da Comunicação da prefeitura de Cabo Frio, está disposto a criar um site cultural. Para isso, já começou a colher fotos e videos da região, e, empolgado, diz que o projeto está em fase final. Lucas é dono do Fine Card (http://www.finecard.com.br/) e é o responsável pelas mudanças e atualizações no novo site da prefeitura cabofriense (http://www.cabofrio.rj.gov.br/).

Nextel

Foto: Mariana Ricci
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Foi demais o show de Thalma de Freitas e Toni Garrido, nesta quarta-feira (11/03), no Teatro Municipal de Cabo Frio. Thalma abriu o espetáculo com sua voz doce, ao lado pai, que foi perfeito nos teclados. Emocionante! Depois, Garrido, com sua nova banda, agitou o público e fez um grande espetáculo, relembrando sucessos do Cidade Negra e apresentando novas canções. O evento foi patrocinado pela Nextel e teve o objetivo de recolher livros para a biblioteca municipal.

Teixeira e Souza

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O apresentador Vinícius Canisso irá representar o escritor cabofriense Teixeira e Souza, na próxima semana, durante a abertura do ano de festividades ao primeiro romancista brasileiro. Vai chegar caracterizado e encima de uma charrete no centro de Cabo Frio. Depois, vai rodar os bairros da cidade, com foco principal nas escolas municipais. A informação é do coordenador de Cultura da prefeitura, Guilherme Guaral.
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terça-feira, 10 de março de 2009

Garça Azul

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Esta belíssima imagem foi registrada pelo ecologista Antônio Ângelo Trindade Marques, do jornal Convés, e enviada ao Baggio Digital pelo também blogueiro Luiz Antônio Nogueira da Guia, o Totonho.

Amigo imaginário

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Esta é uma obra de arte feita pelo fotógrafo Marcos Homem, durante a última edição do Portinho Boêmio. O "Amigo Imaginário" retratado é Marcelo Santa Rosa, o Chelo, em seu próprio bar. De acordo com o fotógrafo, a imagem foi captada em "estado alterado de consciência por vias internas". Pior ainda é quando ele diz que "em meu estranho mundo, as vezes vejo o que não se diz, as vezes digo o que não ví... as vezes".

Cancelem o Portinho Boêmio, e desce um danoninho pro garoto.
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segunda-feira, 9 de março de 2009

Denúncia

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Baggio Digital recebeu, na manhã desta segunda-feira, denúncia encaminhada pelo escritório técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Cabo Frio. De acordo com o denunciante, Pedro de Souza, um marco histórico que fica na entrada da Ilha do Japonês está sendo destruído (veja a carta abaixo). O gerente do Iphan cabofriense, Manoel Vieria, disse ter enviado o caso ao Ministério Público Estadual.
"Tomei a providência, assim como no caso da Casa do Wolney, de encaminhar o assunto ao MPERJ, onde foi aberto um Procedimento Administrativo para investigação. Porém não sei se o grande público já sabe desta completa falta de cuidado com o marco. Um acinte", alegou Vieira.
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CARTA
Senhores do Patrimônio Histórico,
Mais um crime contra a história da nossa cidade foi recentemente cometido. O marco de pedra da antiga sesmaria de São Bento, um dosdois marcos ainda restantes (o outro, disseram-me, encontra-se em umapropriedade particular), situado em frente ao hotel Portoveleiro no final do Caminho Verde (onde começa a estrada de terra para a Ilha doJaponês), foi quebrado e arrancado de sua base. Em anexo seguem fotos do estado em que se encontra o marco. Se nenhuma providencia urgente for tomada o velho marco de granito terá dois destinos: ou irá parar num outro jardim particular ou pior, vai ser quebrado para servir de brita de construção. Espero que o escritório local do IPHAN ainda tenha tempo de salvar este pedaço da história de Cabo Frio.
Atenciosamente,
Pedro A. H. de Souza
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domingo, 8 de março de 2009

Frase

"Já sofri preconceito de todos os tipos porque eu não sabia me expressar. Antes eu falava 'menas laranja', agora falo até en passant".

Presidente Lula, durante inauguração do IFF em Cabo Frio.
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sábado, 7 de março de 2009

Evolução, a Festa da Vida

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Vinícius Canisso irá apresentar programa científico para jovens em rede nacional

Porque o conhecimento da Teoria da Evolução, proposta pelo naturalista inglês Charles Darwin há 150 anos, é cada vez mais relevante? Como a “seleção natural” explicada por ele e por seu conterrâneo Alfred Wallace, afeta todos os seres vivos do planeta, determinando sua evolução, sobrevivência ou extinção? De onde viemos, como chegamos até aqui e o que o futuro nos reserva como espécie? Será que a “sapiência” de nossa espécie, Homo Sapiens Sapiens, é suficiente para nos garantir um lugar entre os futuros habitantes do planeta? Ou seremos menos adaptáveis às transformações ambientais do que as baratas? Como o jovem enxerga novas tecnologias como engenharia genética, alimentos transgênicos, fármacos de alta tecnologia?
Estes e outros assuntos serão abordados na série televisiva “Evolução, a Festa da Vida”, sendo desenvolvida pela produtora Videociência Produções em parceria com a Escola SESC de Ensino Médio e apoio institucional do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Cada programa contará com a participação ativa e animada de uma platéia de 50 estudantes provenientes de todos os estados do Brasil. Dois jovens apresentadores, Vinícius Canisso e Bruna Aucar, comandarão a animação da “galera” dessa “festa do conhecimento”, que contará ainda com a participação e a coordenação científico-pedagógica do Prof. Nélio Bizzo, da USP e convidados, especialistas de renome em aspectos diversos da Teoria da Evolução.
A direção dos programas está a cargo do jornalista científico e produtor independente de TV Sergio Brandão, Diretor Geral da Videociência Produções e Curador Internacional da Mostra Internacional de Ciência na TV (Ver Ciência), que já dirigiu e apresentou programas divulgação científica como o Globo Ciência (do qual foi um dos criadores) e Eco Realidade, dentre outros.
A série de programas será gravada ao longo do mês de abril, e sua veiculação estará disponível a partir de maio para as emissoras de TV, também devendo ser veiculada pela internet e através de cópias em DVD. A TV Brasil já demonstrou interesse no material e deverá exibir o programa em rede nacional ainda este ano.
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sexta-feira, 6 de março de 2009

Lula com a corda toda

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Em visita a Cabo Frio na tarde de quinta-feira, para inaugurar o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF), o presidente Lula soltou várias pérolas. Em um discurso decontraído e cheio de brincadeiras, o presidente atacou as elites, falou de futebol e disse porque escolheu participar da cerimônia em Cabo Frio (também foram inaugurados os IFF's de Volta Redonda e Duque de Caxias por videoconferência). Eis algumas frases do presidente (favor ler com voz rouca e lingua presa):

"Olha, é engraçado esse negócio de discurso. A gente vai fazer um discurso e pede as informações ao ministro da pasta. Aí ele pega e faz o discurso da gente e a gente fica sem ter o que falar. Então eu vou falar outras coisas", brincou, começando a falar de improviso. (Nesse momento, o ministro da Educação, Fernando Haddad, murmurou com o governador Sérgio Cabral: "Eu não fiz o discurso dele", e todos riram).

"Ô Neto (Antônio Francisco Neto, prefeito de Volta Rendonda), eu acho que você tá mais magrinho. Mas você anda pintando o cabelo, hein Neto" (por videoconferência).

"Eu ia pra Volta Redonda, sabe, mas aí o Serginho (Sérgio Cabral, governador do Rio) disse: 'Ô Lula, você é metalúrgico, mora perto da Volkswagem, da Brastemp, tá cansado de ver máquina'. Aí eu pensei em ir pra Duque de Caxias, mas é na Baixada Fluminense e o Serginho vive por lá. Pois bem, pra variar um pouco a gente decidiu vir a Cabo Frio, pra ver esse marzão bonito que não tem em lugar nenhum desse jeito".

"Eu sei da importância de uma escola dessas, porque nada é mais sagrado do que aprender uma profissão e poder sustentar a sua família. O jovem precisa ter o seu próprio dinherinho, porque mãe, vocês sabem, mãe é o bicho melhor que tem no mundo, mas quando o filho pede dinheiro ela fica uma fera".

"Tava conversando agora pouco com um prefeito que está com dificuldades de sustentar uma escola federal na cidade dele. É de onde mesmo, Quissamanha?", hesitou, recebendo imediatamente o sopro do governador: "É Quissamã, a terra da água de coco".
"Ah, claro, a nossa famosa Quissamã, que tem a melhor água da coco do Brasil. Só perde pra água de coco de Garanhus" (sertão pernambucano, terra natal do presidente e que, até onde se sabe, não tem um coqueiro sequer), brincou Lula.

"Olha, vocês podem pegar uma escola dessas aqui e levar para a rainha Margareth da Inglaterra que ela vai achar fantástico".
A rainha da Inglaterra se chama Elizabeth II.

"Eu acho que a gente podia levar uma escola técnica dessas aqui lá pro Vasco da Gama pra ver se ajuda o meu amigo Roberto Dinamite".
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quinta-feira, 5 de março de 2009

A energia de Ariston

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Ao receber a notícia de que o deputado federal Bernardo Ariston (PMDB-RJ) assumiria a presidência da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, a primeira pergunta que me veio à cabeça foi: como? Ariston é um deputado meio apagado. Apesar de fazer parte do maior partido no Congresso, transita pelo baixo clero e pouco aparece nas discussões importantes. Sua atuação nunca ganhou destaque a nível nacional, nem mesmo estadual. E a Comissão de Minas e Energias é altamente estratégica e desejada por homens bem mais poderosos do que ele. A resposta veio na revista Época da semana passada.
Sob o título de “O deputado dos negócios”, a revista falou sobre a atuação do parlamentar Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a quem a matéria se refere como “ex-pupilo de PC Farias e aliado de Garotinho, com predileção por fundos de pensão e pelo setor elétrico”. Logo de cara, a reportagem explica que o currículo de Eduardo Cunha, um novato no Congresso - está no segundo mandato - é manchado por suspeitas de corrupção no governo Collor e na administração da família Garotinho, no Rio. Mesmo assim, foi um dos principais articuladores da eleição de Michel Temer à presidência da Câmara e conta com uma bancada pessoal de pelo menos 20 parlamentares, até de outros partidos, que o acompanham nas votações.
“Após ajudar a vitória na vitória de Temer, Cunha teve uma compensação generosa. Conseguiu indicar um de seus apaniguados, o deputado Bernardo Ariston, para a presidência da Comissão de Minas e Energia, encarregada de analisar projetos relacionados à exploração de petróleo e ao setor elétrico. Foi uma conquista importante, numa área cara aos seus interesses”, diz um trecho da reportagem. Eis a articulação que definiu a presidência de uma das mais importantes comissões da Câmara Federal.
A história política de Bernardo Ariston começou há mais ou menos dez anos, quando ele assumiu a Secretaria de Turismo da prefeitura de Arraial do Cabo, no governo Renato Vianna. Na primeira eleição que disputou, foi candidato a vice-prefeito na chapa de Renato, que, com grande rejeição, acabou tomando uma lavada de uma então novidade chamada Henrique Melman (PDT), que só deixou o governo cabista em dezembro passado após oito anos de mandato. Na última eleição, Ariston entrou na última vaga do PMDB. Nos dois primeiros anos desse mandato, manteve-se apagado como nunca, e em discurso na rádio Litoral - que pertence à família Ariston - chegou a dizer que estava com um problema de saúde - que não especificou -, e que o havia superado. Depois disso, passou a entrar com mais freqüência no ar dessa mesma rádio, fez mudanças em sua assessoria e anda demonstrando disposição para encarar assuntos mais complexos.
A ligação com os Garotinho e com políticos do naipe de Eduardo Cunha, no entanto, colocam em xeque as intenções de Ariston à frente da Comissão de Minas e Energia. É importante ficar de olho no que será aprovado, e quem acabará beneficiado com essas decisões.
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Texto publicado no jornal Folha dos Lagos em 05/03

quarta-feira, 4 de março de 2009

Os cargos comissionados - Parte II

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Quarta-feira, 2h da manhã. Uma senhora de uns 60 anos, duas filhas e uma neta com menos de 10, dormem na porta da prefeitura de Cabo Frio. Um colchão, dois lençóis, uma garrafa d'água e uma marmita. Ao contrário do que parece à primeira vista, não se trata de uma família de desabrigados. Casa eles têm. Ou melhor, um barraco no Jardim Esperança, que se falta água, banheiro e cômodos suficientes para toda a família, o que dizer de comida, roupas, colchões...
"Ai, meu filho, vamo esperar aqui pra ver se a gente consegue falar com o dotô Trindade (Antônio Carlos Trindade, coordenador de Articulação Política da prefeitura de Cabo Frio). A gente tentou falar com ele mês passado, mas ele pediu pra voltar agora", disse-me a matriarca, em tom de lamúria.
A espera, como já virou costume, é para cobrar por empregos prometidos na época da campanha eleitoral.
"Trabalhamos para o prefeito na campanha e eles prometeram emprego pra gente. Mas agora tá difícil falar com eles".
Diariamente, dezenas de pessoas saem de bairros pobres da periferia cabofriense e fazem fila na porta da prefeitura. Alguns preferem ficar horas no portão dos fundos (é por lá que entram e saem o prefeito e seus assessores mais próximos), tentando falar com alguem que possa resolver seus problemas.
A política brasileira é cruel com as pessoas mais pobres. Em Cabo Frio, com a enxurrada de dinheiro dos royalties do petróleo, que em tese deveriam financiar investimentos em infraestrutura e meio ambiente (o que daria emprego e qualidade de vida para todos), o que se vê é a multiplicação de portarias e cargos fantasmas. Os governantes que estão no poder usam esses cargos para chantegear e trazer eleitores para o seu lado. Quando acaba a eleição, os pobres continuam pobres, só que agora dormindo na porta da prefeitura para mendigar um emprego. Os ricos, com portarias e vantagens, ficam cada vez mais ricos... com o nosso dinheiro. E aquela disposição para falar com o povo, ver a pobreza de perto, passar o dia no Tangará, Caminho de Búzios, Murubá, Favela do Lixo, Parque Eldorado, Jardim Esperança, Jacaré, Buraco do Boi e Maria Joaquina, entre tantos outros, volta daqui a quatro anos.

terça-feira, 3 de março de 2009

Vices

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Foto: Mariana Ricci

Ambos estão passando pela primeira experiência no poder executivo e, não por acaso, trabalhando muito neste começo de mandato. O da direita é Reginaldo Mendes Leite (PT), vice-prefeito de Arraial do Cabo. A da direita é Delma Jardim (PP), vice em Cabo Frio.
Reginaldo, que foi vereador nos últimos quatro anos, não se limitou às funções de vice e assumiu a Secretaria de Obras da prefeitura cabista. Ele também foi um dos responsáveis pela elaboração do plano de governo do prefeito Wanderson Cardoso de Britto, o Andinho (PMDB), e teve grande influência na escolha dos nomes que compõem o secretariado municipal.
Delma Jardim, por sua vez, vem se esforçando para ter seu nome reconhecido como uma política que gosta de ouvir o povo (veja o post abaixo).

Só na sexta

Apesar de estar marcado para esta terça-feira, a abertura das portas do gabinete da vice-prefeita de Cabo Frio, Delma Jardim (PP), acabou sendo adiado para a próxima sexta (06/03). Ao chegar no local, Delma teve a ingrata surpresa de ver que a sala não estava nos conformes, e adiou a cerimônia, que contaria com as bençãos de um padre e um pastor, em três dias.
Muito simpática, a vice-prefeita cabofriense conversou com a imprensa no corredor do segundo andar da prefeitura, deu explicações e respondeu algumas perguntas. Além de Baggio Digital, estavam presentes a Folha dos Lagos, com o jornalista Ravi Arrabal e a fotógrafa Mariana Ricci, e o Noticiário dos Lagos, através da jornalista Sylvia Maria.
Este blog perguntou à vice-prefeita, que também é subprefeita do Jardim Esperança - seu berço político - como ela pretende conciliar as duas funções. Delma afirmou que haverá uma agenda específica de atendimento ao público nos dois gabinetes - no Jardim Esperança e no centro da cidade.
"O papel do vice é muito limitado. Legalmente, o vice só atua na ausência do prefeito. Mas eu prometi na campanha que não ficaria esperando o dia 25 para receber o pagamento, sempre disse que seria atuante, que estaria perto do povo. Vai dar para conciliar as duas funções porque, no caso da subprefeitura, tenho uma equipe muito boa trabalhando junto, e eles vão me cobrir enquanto eu estiver atendendo como vice-prefeita. A partir da semana que vem, vamos definir os dias de atendimento na prefeitura e na subprefeitura", declarou ela.