quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Aprendendo a lição do Rui (*)

A nova ofensiva do colégio municipal Rui Barbosa contra o governo de Cabo Frio, desta vez por mudanças impostas à grade curricular, mostra mais uma vez a importância dos estudantes nas decisões políticas. Os jovens pouco sabem de sua própria capacidade de mobilização e persuasão, e se deixam contaminar pela apatia e desinteresse que domina o restante da sociedade. O Rui é um caso exemplar: por ser o único colégio cabofriense que mantém o grêmio estudantil em atividade, é o único que não aceita imposições e, se preciso for, vai às ruas reivindicar.
Pena que o exemplo não é seguido. Nem nas escolas, nem nas universidades. Ferlagos, Estácio de Sá e Veiga de Almeida (UVA) não abrigam nenhum diretório acadêmico em atividade, o que, para as instituições privadas, é ótimo. Os debates são caídos e as atitudes mais ainda. Um clima de ensino médio com conteúdo de ensino superior. Não há fóruns, debates, manifestações e nem festas dignas de universitários. É muito estranho.
Os estudantes de Cabo Frio, em sua grande maioria, sequer sabem o que é um projeto de extensão universitária (interação entre a universidade e a sociedade, com troca de informações, elaboração de pesquisas e planos de combate aos problemas encontrados), excelente instrumento de transformação social e, diga-se de passagem, dever constitucional das instituições de ensino superior. Ninguém discute a reforma universitária e poucos se mobilizam na época de congressos estudantis como os da União Estadual dos Estudantes (UEE-RJ) e União Nacional dos Estudantes (UNE), que acontecem novamente este ano.
Para as faculdades particulares, quanto menos atividades, melhor. Afinal, tudo é dinheiro que se gasta. Enquanto não tivermos uma universidade pública regional, que fomente a troca de idéias e a realização de pesquisas, o ensino superior continuará sendo essa fábrica alienadora de diplomas. Por isso temos, no colégio municipal Rui Barbosa, de Ensino Médio, o maior exemplo de mobilização de estudantes e professores conscientes de seu papel na sociedade. E eles têm muito o que ensinar aos universitários...
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(*) texto publicado no jornal Folha dos Lagos em 19/02.

4 comentários:

Brava'S Idéias disse...

Durante os três anos que estudei no Rui Barbosa os alunos, em momento algum, deixaram de reivindicar seus direitos de forma autônoma, já que sabiam do poder que tinham nas mãos. Nós, universitários, cidadãos, temos mesmo que tomar para nós essa lição que os alunos do Rui nos dão: atitude e mobilização, sempre.

Brunna Bravo

Luiz Antônio disse...

O governo municipal devia se envergonhar.

Anônimo disse...

O governo municipal devia se envergonhar

Anônimo disse...

Não é nada fácil abrir os olhos do governo. Mas um orgulho estar nessa luta digna. Mais orgulho ainda poder contar com alunos, pais e professores que não se curvam às determinações incoerentes. Baggio, Parabéns pelo blog!