sexta-feira, 13 de março de 2009

Artigo

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A escolha do “anti-pior”
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Por Lucas Müller

“Nossas intuições mais elevadas devem e hão de soar como loucuras, por vezes mesmo como crimes, quando ilicitamente chegam aos ouvidos daqueles para os quais não foram feitos nem predestinados.” (Nietzsche).
Na vida, iminentemente, somos decididos a fazer escolhas; não há fugas, não há meios termos. Por falta de opções nos vemos frente a frente com escolhas que sabemos no fundo que são ruins – todas elas. Medimos então não a melhor – porque de fato ela não existe – mas a menor pior. A que nos faria menos mal, o veneno que seria mais “agradável”.
Posso dizer isso com absoluta certeza à escolha de governante da cidade onde vivo, Cabo Frio. Enaltecida por suas belezas naturais, ela se encontra a mercê de uma política atroz, maquiada e vazia.
Não houve entre os quatro principais candidatos, um em que você pudesse falar com convicção: “Este é diferente!”. O primeiro para conseguir governar vendeu sua alma; nada no lodo e espera nestes próximos quatro anos limpar o que se contaminou em doze. Mãos sujas de sangue podem ser lavadas, mas o ato é uma sentença perpétua. Se diz evangélico – talvez por grande parte da população ser – mas faz acordos com porcos. Acordos, pois grande parte da mídia e economia da cidade se encontra nas mãos deles, os que ditam a “verdade”.
Outro diz que acredita em Deus, mas para ele, Deus está abaixo dele. Foi o mais corrupto de toda nossa história, enriqueceu - além de si mesmo - seus familiares sem cérebro, que não conseguiriam nem o pior emprego em qualquer empresa séria. É réu-corrupto confesso, e mesmo assim é adorado e exaltado por muitos, em um país mais sério viveria durante décadas atrás das grades, e em outros já estaria a sete palmos.
Acho que aqueles que dizem que “rouba mas faz” mereceriam no mínimo serem esmurrados, pois, dinheiro desviado está acima do valor monetário, implica em vidas que seriam mudadas, transformadas - a tua, a minha, a do teu próximo. Ao invés de verem maletas com dinheiro vejam maletas com recém-nascidos mortos, pois é isso o que significa! Saber que a mesma mão que cumprimenta com dedicação é a mesma que de forma silenciosa mata, que a mesma boca que beija crianças, é a mesma que pronuncia sentenças de morte.
O terceiro, tem um déspota louco dentro de si, se apóia numa profissão como se até juizes não pudessem ser loucos. É, na verdade, apenas mais um camaleão social. E o quarto tem um discurso vazio de moralismo, mas em diversos eventos mais se assemelhava a um corvo nos ombros do primeiro. O trigo se mistura com o joio?
Sem contar, por todos os lados, os bajuladores serviçais. Para eles é mais fácil se prostrarem como animais a caminhar como homens. Bichos que certamente pensam em se apoderar da riqueza conquistada através do suor de muitos.
Entre as propostas de campanha, não houve planos, nem bases, nada arquitetado e pensado, existiram apenas as vagas idéias do que queriam. Quase todos pecaram pelo excesso, buscaram na ilusão uma forma de garimpar votos entre os mais necessitados (desde restaurantes para miseráveis a obras faraônicas; afinal nada como grandes obras para grandes desvios).
Não falaram de propostas mais sérias relacionadas à economia (como implantação de um turismo profissional) ou à educação (como aprimoramento dos professores, e inclusão de filosofia e metafísica nas escolas – tornar os alunos seres mais pensantes e não esta massa consumista que a mídia e a falta de cultura cria).
Em Cabo Frio, por ter menos de 200 mil eleitores (tem cerca de 120 mil), não houve segundo turno, o que torna o voto único e a situação ainda pior. Você passa a ver qual o pior candidato e torcer pelo o “anti-pior”; o que não pode ser o menos pior dos quatro, mas o menos pior dos dois. Em relação a ultima opção (voto nulo), considero uma quimera, pois mesmo que o percentual seja maior que 50% os candidatos não mudam, como se pensa, apenas adia-se a votação por mais 20 a 40 dias. Em hipótese, isso favorece diretamente os que compram votos. Saída? Por enquanto não há.

Lucas Müller é jornalista.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Viva a liberdade na internet! Ficou ótima a "atualização" do artigo Tomás. Obrigado mesmo.

Foi nele que vi a linha limite da imprensa cabofriense, onde foi rejeitado em todos os jornais às vésperas das eleições 2008, incluindo em dois que trabalho.