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Ao receber a notícia de que o deputado federal Bernardo Ariston (PMDB-RJ) assumiria a presidência da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, a primeira pergunta que me veio à cabeça foi: como? Ariston é um deputado meio apagado. Apesar de fazer parte do maior partido no Congresso, transita pelo baixo clero e pouco aparece nas discussões importantes. Sua atuação nunca ganhou destaque a nível nacional, nem mesmo estadual. E a Comissão de Minas e Energias é altamente estratégica e desejada por homens bem mais poderosos do que ele. A resposta veio na revista Época da semana passada.
Sob o título de “O deputado dos negócios”, a revista falou sobre a atuação do parlamentar Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a quem a matéria se refere como “ex-pupilo de PC Farias e aliado de Garotinho, com predileção por fundos de pensão e pelo setor elétrico”. Logo de cara, a reportagem explica que o currículo de Eduardo Cunha, um novato no Congresso - está no segundo mandato - é manchado por suspeitas de corrupção no governo Collor e na administração da família Garotinho, no Rio. Mesmo assim, foi um dos principais articuladores da eleição de Michel Temer à presidência da Câmara e conta com uma bancada pessoal de pelo menos 20 parlamentares, até de outros partidos, que o acompanham nas votações.
“Após ajudar a vitória na vitória de Temer, Cunha teve uma compensação generosa. Conseguiu indicar um de seus apaniguados, o deputado Bernardo Ariston, para a presidência da Comissão de Minas e Energia, encarregada de analisar projetos relacionados à exploração de petróleo e ao setor elétrico. Foi uma conquista importante, numa área cara aos seus interesses”, diz um trecho da reportagem. Eis a articulação que definiu a presidência de uma das mais importantes comissões da Câmara Federal.
A história política de Bernardo Ariston começou há mais ou menos dez anos, quando ele assumiu a Secretaria de Turismo da prefeitura de Arraial do Cabo, no governo Renato Vianna. Na primeira eleição que disputou, foi candidato a vice-prefeito na chapa de Renato, que, com grande rejeição, acabou tomando uma lavada de uma então novidade chamada Henrique Melman (PDT), que só deixou o governo cabista em dezembro passado após oito anos de mandato. Na última eleição, Ariston entrou na última vaga do PMDB. Nos dois primeiros anos desse mandato, manteve-se apagado como nunca, e em discurso na rádio Litoral - que pertence à família Ariston - chegou a dizer que estava com um problema de saúde - que não especificou -, e que o havia superado. Depois disso, passou a entrar com mais freqüência no ar dessa mesma rádio, fez mudanças em sua assessoria e anda demonstrando disposição para encarar assuntos mais complexos.
A ligação com os Garotinho e com políticos do naipe de Eduardo Cunha, no entanto, colocam em xeque as intenções de Ariston à frente da Comissão de Minas e Energia. É importante ficar de olho no que será aprovado, e quem acabará beneficiado com essas decisões.
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Texto publicado no jornal Folha dos Lagos em 05/03
Um comentário:
Sugiro ao nobre blogueiro fazer uma pesquisa sobre as eleições proporcionais no estado do rio no ano de 1994, quando houve pela 1ª e única vez 2º turno em eleições para deputados.
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