quinta-feira, 12 de março de 2009

Pra não dizer que não falei das flores

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Esta coluna anda um tanto pessimista com os rumos da política. Talvez por isso, todos os textos publicados neste espaço nas últimas sete quintas-feiras tenham sido críticos, alguns até ácidos. Já que o tema política é obrigatório nesta página dois, dar apenas boas notícias ou tratar de assuntos amenos e descontraídos seria, no mínimo, trair a minha própria consciência.
Na semana passada, por exemplo, o artigo “A energia de Ariston”, falando sobre a ascensão do deputado federal Bernardo Ariston à presidência da Comissão de Minas e Energia da Câmara, citou uma reportagem da revista Época garantindo que a indicação partiu do deputado Eduardo Cunha, suspeito de corrupção nos governos Collor e Garotinho.
Há duas semanas, o tema foi a nomeação de Anderson Macleyves como diretor do Teatro Municipal de Cabo Frio. Ao revelar que ele plagiou um texto e tentou publicar neste mesmo jornal, a coluna fez uma simples pergunta: o que esperar disso?
Outro tema abordado na série de artigos mal-humorados foi a mobilização dos alunos do colégio municipal Rui Barbosa, que mais uma vez deram exemplo de civilidade e bateram de frente com a política educacional do governo municipal. A crítica foi para a inércia dos universitários da cidade, que não se mexem pra nada e mais parecem estudar em colégios de segundo grau com conteúdo de ensino superior. O título? “Aprendendo a lição do Rui”.
Antes, ainda, a coluna falou sobre a lógica de apadrinhamento político praticada na região durante o artigo “Os cargos comissionados”. A cultura cabofriense também foi tema do artigo “Discussão cultural”, que falou sobre o abandono do patrimônio histórico pediu publicamente a realização de um fórum para a classe. No primeiro texto, “Os erros foram maiores”, o tema foi o embate político entre Marquinho Mendes e Alair Corrêa.
Há quem diga quer mexer em tais vespeiros só atrapalha (a vida de quem está mexendo, e não de quem está sendo mexido). Em uma região que grande parte da população depende do poder público, criticar os governantes e dizer o que pensa pode trazer problemas. Por isso mesmo, uma grande parcela dos eleitores vota de cabeça baixa e, pior, atura os problemas sem abrir a boca.
Não se trata de ser este redator um revoltado que só vê coisas ruins. É que a liberdade de expressão precisa ser exercida e os problemas precisam ser apontados, até para que haja a possibilidade de correção. Se já falei de inúmeras falhas da administração de Cabo Frio, por exemplo, é importante ressaltar que o atual governo é altamente tolerante com a imprensa e as críticas que partem da sociedade, valor tão caro à democracia e digno de aplausos. Da mesma forma que podemos criticar figuras inexpressivas e suspeitas, que não deveriam estar manuseando o dinheiro público, podemos e devemos ressaltar a competência e o caráter dos que dignificam o serviço público (não se trata de banda podre e banda santa, apenas de separar o joio do trigo, uma vez que as pessoas são diferentes e agem de forma diferente).
Acima de tudo, é imprescindível dizer que as críticas mencionadas nesta coluna passam longe do aspecto pessoal. Trata-se de uma avaliação dos nossos empregados, aqueles que recebem o dinheiro dos impostos que pagamos para fazer a máquina pública funcionar, criar leis e executar políticas que melhorem a vida da população. Não seria tão fácil fazer tal avaliação tendo algum projeto para ser aprovado pela prefeitura ou interesse em um cargo comissionado. Mas me sinto melhor assim.
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Texto publicado no jornal Folha dos Lagos em 12/03
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Um comentário:

Luciano Silveira disse...

Tomás, você está no caminho certo. Não devemos nos acovardamos e nem abaixarmos a cabeça. Se tem coisa errada ou se tem falha, tem que botar o dedo na ferida. Parabéns pelos textos na coluna da Folha dos Lagos.
Forte Abraço,
Luciano Silveira.
www.englucianosilveira.blogspot.com/